quarta-feira, 27 de junho de 2012

Sépia 3


Uma sombra cinza se estendia por cima de mim.
Uma maldita silhueta em minha frente, encarando-me por entre os olhos.
Uma aura negra perfurava a minha alma, fazendo com que a grama, abaixo de mim, tremesse. Queria olhar para cima, e encarar aquele ser abominável em minha frente, porém simplesmente não conseguia.
Eu sabia quem tinha matado eles...
Eu sabia quem tinha matado todos eles.
Não fora uma acidente.

-Quando as luzes se vão e abrimos os olhos-


Sentia a sua respiração quieta e amena a cada pulsada de seu coração.
Sentia aquela aura penetrante pairando pelo ar, tão densa quanto um bolo de fumaça cinzenta.

- Olá - Disse o ser a minha frente enquanto eu ainda permanecia com a cabeça baixa - Temes a morte garoto? - Terminou ele dando um ar sarcástico.
- Na verdade.... Temo mais a vida senhor - Respondi.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Sépia 2

- Cara... - Disse uma voz por telefone - Ta ai? - Parecia um tanto quanto desesperado.
- Diga...- Saiu apenas uma única palavra pálida da minha boca.

Me era permitido escutar o som abafado de alguns poucos carros passando, o som das pesadas gotas de chuva batendo contra o asfalto, contra às poças e à outros objetos e por fim dava pra sentir uma respiração um tanto quanto ofegante do outro lado da linha.

- ME ESCUTA! - Gritou.
- Sulcá?
- Eu cheguei... Na pizzaria - Uma voz embolada, ansiosa pra sair de sua garganta - Estavam todos mortos - Por dentre todos aqueles tons amarronzados um calafrio percorreu a minha espinha - Todos eles! Engasgados, cuspindo sangue.
- Elisa morreu... - Disse escutando sua voz fraquejar - Do mesmo jeito.
Um longo e simulado calafrio percorreu as verberas de cada um de nós, dando um tempo ao silêncio constrangedor, um silêncio apenas para vozes.
- O que você vai fazer? - Perguntou ele com uma voz menos agoniada.
- O que Você vai fazer?
- Não faço a minima ideia.
- Nem eu.
- Ligarei 119.
E assim a ligação foi cortada.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Sépia.

- Você quer tomar sorvete é? - Perguntei a ela por telefone.
- Ééé... - Respondeu ela tentando fazer-se de meiga.

Segurava o celular no ouvido, com um pouco de força talvez, porque sua voz era um tanto quanto tímida.

Ao meu redor não se encontravam coisas muito interessantes para serem citadas com tamanha relevância, mas bem, eu estava na casa de um amigo meu, Sulcá, precisamente na sala. Onde se encontrava um conjunto de sofás, brancos, uma estante relativamente grande, de madeira, até com algumas fotos da família, dele e derivados, e uma mesa de vidro, que era onde repousava um notebook, uma impressora e alguns papeis aleatórios, mais pro canto esquerdo do aposento.

Neste momento Sulcá se encontrava em seu quarto, fazendo alguma coisa importante, que não era do meu conhecimento. Eu, sentado no sofá de dois lugares, que fazia parte do conjunto, com os pés apoiados despojadamente em um banco de plástico também branco, conversava com Elisa, uma garota que tinha conhecido a não mais de dois meses, emquanto Bandeira, outro amigo meu, repousava silênciosamente no outro sofá, pensativo e nostálgico.

- Vai poder aparecer aqui? - Perguntou Elisa.
- Trinta e cinco por cento de chances d'eu aparecer - Respondi sorrindo.
- Ahh, aparece vai! Faz mó tempão que não tomo sorvete.
- Então você quer que eu vá só pra você tomar sorvete é? - Ri.
- Não, claro que não vei - Ela também.
- Bem... Pensarei em seu caso senhorita.
- Ah velho, vamos vamos. - Ela tentava ser meiga, mas não conseguia.
- Tá certo tá certo, eu vou - Assenti convencido.
- Hihihi - Uma risadinha comemorativa.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Ideias.















"Por baixo desta máscara não há só carne... Por baixo desta máscara há uma ideia;
E ideias são à prova de balas."

- V

Só Talvez.



















Talvez seja assim que estejamos todos esses nossos cotidianos dias.


segunda-feira, 4 de junho de 2012

Fadas.












Não me acorde, eu não quero sair deste sonho;
Eu quero continuar com esses seres lindos sobrenaturais;

Pois se eles não existissem...
Onde mais nos esconderíamos para escutar alguma musica?
Onde trancaríamos a sete chaves a penumbra de nossas histórias mágicas?
Onde aprisionaríamos toda essa beleza imagética irreal?
A não ser em um mundo, em que não é preciso dinheiro, nem status, nem beleza, nem nada;
Apenas uma faísca;
Apenas um sorriso;
Para a criação deste mundo imagético, que muitas vezes é mais real do que a própria realidade;
Para a criação desta individualidade perfeita dentro de cada coração, de cada ser;
É preciso apenas viver.

Eu quero continuar com as fadas...
Então por favor... Me deixe sonhar mais cinco minutos?

Dedicado: Helena Treumann e Laize Hage.

Boneca inflável.

Me posto como se fosse apenas um observador...
Talvez distante... Talvez não;
Como se a  minha vida não me pertencesse mais a mim;
Como se as consequências simplesmente não me afetassem.


Me vendo, de fora, sorrir enquanto desenrola-se aquela conversa;
Me vendo imaginar estupidezes psicológicas;
Talvez me vendo apenas não me importar mais.

Observando alguém sentado em um banco...
Talvez distante... Talvez não;
Sentindo a nossa presença absurdamente notória;
Apenas Sorrindo nervosamente antes de encontra-la.

Enquanto dilacerando os seus sintomas;
Enquanto brincando com a sua mente;
Assim como as de uma boneca inflável.