tag:blogger.com,1999:blog-86692574619156095992024-03-12T22:44:22.790-03:00Irrealidades.Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.comBlogger153125tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-6294573469494966172014-08-14T22:52:00.001-03:002014-08-14T22:52:46.571-03:00Mundos desconhecidos.<div style="text-align: justify;">
Minhas pernas falhavam a cada passo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Porém o meu desespero não as faziam ceder.</div>
<div style="text-align: justify;">
E a loucura lutava contra a minha sanidade para voltar, deixei o garoto morrer para aquele monstro.</div>
<div style="text-align: justify;">
Tropecei contra algumas tábuas de madeira, meu pé vacilou, mas voltei a joga-lo um na frente do outro sem parar, não podia parar.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não agora.</div>
<div style="text-align: justify;">
Seja-la o que aquilo fosse, não era humano.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não era amigável.</div>
<div style="text-align: justify;">
Se parecia com uma aranha, imensa.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ele falou que se arrancassem o nosso coração, seriamos levados, não sei pra onde.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ele falou para proteger o meu coração.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os escombros, todos ao meu redor dava ao ar um tom cinzento, uma escuridão translucida.</div>
<div style="text-align: justify;">
Com um pouco do tão precioso tempo, a minha respiração foi acelerando tornando se ofegante, o coração, apertando em uma dor, incomoda, profunda, e o cansaço das pálpebras se intensificando.</div>
<div style="text-align: justify;">
Desabei de joelhos.</div>
<div style="text-align: justify;">
E também em lágrimas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Porque isso estava acontecendo comigo?</div>
<div style="text-align: justify;">
- Ei - Disse alguém - Levante-se.</div>
<div style="text-align: justify;">
Usei o pouco que me restava de forças para me levantar, e percebi, sem olhar, que ao meu lado estava um homem, usando roupas leves, um cachecol e empunhando uma espada por cima do ombro direito.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ele também não olhou pra mim, olhava para frente, para o lugar que eu tinha vindo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Sendo que, de longe, a aranha nos fitava, timidamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ficamos nisso, por poucos longos segundos, cada um esperando o outro dar um próximo passo.<br />
- Tem um garoto ali - Comentei com o homem.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Ele já foi levado.<br />
- Não, ele estava ali tem poucos minutos.<br />
- Se Deus arrancar o seu coração, você já era! - Sua voz parecia mais agressiva - Entende? Você Já Era!</div>
<div style="text-align: justify;">
Me arrepiei.<br />
- Porque estou aqui? - Perguntei a espera de uma resposta mais concisa - O que é esse lugar?<br />
- Você está aqui porque morreu - Não podia acreditar nisso - Aqui é um mundo que abrange a pós-vida de seres que morreram através de experiências traumatizantes, nós chamamos de limbo.</div>
<div style="text-align: justify;">
- E porque estamos lutando com aquela coisa?</div>
<div style="text-align: justify;">
- Porque uma hora ou outra ele nos fará sair daqui.</div>
<div style="text-align: justify;">
- O que tem depois daqui?<br />
- Ninguém sabe...<br />
- Então porque mesmo estamos lutando?!<br />
- Você sabe o que há depois da morte garota? Mas mesmo assim luta para não morrer não é?</div>
Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-83303728516736087002014-08-14T22:50:00.003-03:002014-08-14T22:50:39.467-03:00Elly<div style="text-align: justify;">
"Toda vez que uma feiticeira recorrer a um de seus poderes ocultos, ela deve ceifar e se alimentar de uma alma, a mais energeticamente fraca, que se encontra em um raio de seis a sete metros de onde essa magia foi conjurada?"</div>
<div style="text-align: justify;">
"Isso limita absurdamente os poderes delas, principalmente quando consideramos a principal regra do seu credo: <i>Não deixar os humanos sentirem o cheiro da magia</i>"</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Deixemos de introduções, eu me chamo Elly, não revelarei a minha idade, feiticeiros nunca devem fazer isso.</div>
<div style="text-align: justify;">
Estava me olhando em um espelho velho, dentro de um elevador velho, subindo lentamente em um prédio que parecia cair aos pedaços, pouco tempo depois o elevador simplesmente parou e abriu a suas portas. "Nono andar" dizia uma luz vermelha no canto direito da caixa de metal. Com passos largos e silenciosos fui de caminho a uma porta, "930A" dizia uma placa negra logo acima. Bati duas vezes e esperei.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- A <i>Azul</i> chegou - Disse uma voz obscura de dentro daquela porta.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um homem, com uma aparência de 27 ou 28 anos, abriu a porta com um sorriso no rosto.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Bem vinda - disse ele.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Obrigada - respondi devolvendo o sorriso junto com uma reverência feminina, segurando nas pontas do meu vestido.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Por favor... </div>
<div style="text-align: justify;">
Passei pela porta, e me deparei com uma festa, pessoas segurando copos com refrigerante, dançando,, conversando, uma mesa cheia de comida, sorrisos sendo postos em liberdade, olhares céticos aprisionando sentimentos, Um ambiente divertido para humanos, porém energeticamente sujo e caótico.</div>
<div style="text-align: justify;">
Porém eu não tinha ido ai pra comer, nem pra conversar, e muito menos pra dançar, estava a procura de três bruxas, três fadas caídas que se alimentavam do desespero dos homens.</div>
<div style="text-align: justify;">
Andei por entre as pessoas e ao ver um sofá livre me dispus a sentar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Bonito o seu cabelo - disse uma garota invejosa vindo ao meu encontro- Você mesma pintou?</div>
<div style="text-align: justify;">
- Sim - Respondi.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Onde foi que achou esse azul tão escuro?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Senti um cheiro agonizante, me levantei e percebi uma porta de madeira escondida sob as sombras do aposento, um lugar que tinha pouca gente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O coração daquela garota ao meu lado parou, e sua alma, veio ao meu encontro me alimentando.</div>
<div style="text-align: justify;">
infelizmente sacrifícios deviam ser feitos, mas eu não me importava. Simplesmente não me importava.</div>
<div style="text-align: justify;">
Apenas tinha que terminar o que havia ido fazer.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Só voltei a me movimentar, quando tive certeza que estava completamente invisível. andei com passos curtos, desviando do que viesse a se esbarrar em mim, e abri a porta coberta por sombras lentamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
ali dentro, estavam três velhas, arrogantes e inteiramente poderosas, que poderiam ser facilmente confundidas por três jovens com a idade a flor da pele. Elas não me viam... Porém sentiam. Teria que ser rápida.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aquele homem simpático começou a tossir, sentou em uma cadeira, e fechou os olhos para nunca mais abri-los novamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Com uma faísca incendiei a porta.</div>
<div style="text-align: justify;">
Com um pulo passei pela janela, ainda no ar trancando-a.</div>
<div style="text-align: justify;">
E me alimentando de uma criança que escorregava para uma morte certa, na calçada, comecei a voar enquanto escutava os gritos sufocados de três velhas que provavelmente não conseguiriam abrir a janela a tempo.<br />
<br />
Desci pelo beco, até tocar o chão com três passos, tão leves quanto uma folha de papel.<br /><br />Respirei fundo;<br /><br />E continuei até o próximo prédio. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-67169229906504193392013-09-15T00:24:00.000-03:002013-09-15T00:24:15.961-03:00Jazzland<div style="text-align: justify;">
19 de agosto, 2005, New Orleans.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Mãe - disse; nessa época eu não passava dos 7 anos - O que é aquilo?</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Estávamos em um parque de diversões, sentados na sua majestosa roda gigante, no topo, lá no topo,</div>
<div style="text-align: justify;">
onde os casais realizam os seus mais devidos e deslumbrantes sonhos, e os solteiros pestanejam ao ver, horrorizados, o mar de horizontes.</div>
<div style="text-align: justify;">
- O que, menino? - respondeu ela, apertando os olhos e buscando algo que fosse chamar a minha atenção, ao ponto, de'u comentar isso com ela. As nuvens ameaçavam cada vez mais largar as suas primeiras gotas de chuva, que daria início a talvez uma tempestade. Por esses dias o céu estava de fato muito confuso, o clima mudava muito rápido e de uma hora pra outra, quando estava sol, já estava chovendo. Além do mais, a previsão meteorológica não estava ajudando em nada.</div>
<div style="text-align: justify;">
Tínhamos decidido ir para o parque em plena sexta-feira porque era especificamente o dia do meu aniversário. Estava fazendo sete anos, e finalmente poderia brincar nos brinquedos dos "mais velhos", que antes não podia.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em 2002, quando a Six Flags assumiu e reestruturou todo esse parque, todo mundo comentava que os seus brinquedos competiam com os melhores do mundo. Com toda essa empolgação passando de boca em boca, fiquei extremamente ansioso ao ponto de contar, nos dedos, os dias, desde uma ou duas semanas antes.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas até que enfim estava lá.</div>
<div style="text-align: justify;">
No ponto que considerava, o mais alto e mágico de New Orleans.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Sério que vai chover de novo?</div>
<div style="text-align: justify;">
- Não tô falando das nuvens não, mãe!</div>
<div style="text-align: justify;">
- Do que então, menino?</div>
<div style="text-align: justify;">
- Ali em baixo - apontei. Ela se revirou um pouco para olhar onde estava apontando.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Ainda não tô vendo nada.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Aquele cara fantasiado ali, perto do Barbe's Ice Cream Shop - Lembro-me de que ele estava nos encarando, mas era inocente o suficiente para não sentir nenhuma maldade daquele palhaço mal vestido.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Que... - Quando a minha mãe começou a falar a roda gigante parou, estávamos no meio do "percurso", porém ainda muito longe do chão - O que foi isso?! - Exclamou ao ser cortada pelo acontecimento repentino. Uma luz vermelha piscava no painel lá em baixo. E dois ou três especialistas tentavam fazer a máquina voltar a funcionar sem maiores danos.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Poxa" pensei na hora.</div>
<div style="text-align: justify;">
A montanha russa, ali ao lado, fazia um barulho estridente quando o carrinho passava, parecia que ia despencar a qualquer momento.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O palhaço não estava mais lá ao lado do sorvete gigante.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<a name='more'></a><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não sei quanto tempo passamos ali em cima, mas a maioria das pessoas já resmungavam e reclamavam, outras poucas se encolhiam nas cestas com medo de uma tragédia maior. Mais algumas horas e a lua se estendia com todo o seu esplendor quase no topo do céu, agora já sem nuvens.</div>
<div style="text-align: justify;">
Pelo menos não tinha chovido né?</div>
<div style="text-align: justify;">
Demorou bastante, depois de anoitecer, para que eles de fato conseguissem consertar a máquina. O gerente da Six Flags se desculpou pra cada um, dando um ou dois ingressos premium para todos como pedido de desculpas. </div>
<div style="text-align: justify;">
Quando finalmente desci do vagão, respirei fundo e mergulhei contra toda aquela multidão que reclamava com os funcionários e com o gerente do ocorrido.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O parque já estava pra fechar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E não sei como, nem porque, na minha completa independência fui procurar a saída sozinho.</div>
<div style="text-align: justify;">
Se tivesse consciência da noite que me rodeava, com certeza não o faria.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas estava nos 7 anos da minha inocência.</div>
<div style="text-align: justify;">
Era uma criança feliz.</div>
<div style="text-align: justify;">
E independente...</div>
<div style="text-align: justify;">
pensava eu.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Olá - me disse uma voz rouca.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Sabe onde é a saída... - me virei - moço?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E lá se encontrava ele outra vez.</div>
<div style="text-align: justify;">
Com uma bola vermelha no lugar do nariz...<br />
<br />
- Pois é nada mais do que óbvio que eu possuo este conhecimento - Lembro de ter olhado pra ele e assentido, mesmo sem compreender muito do que tinha acabado de falar.<br />
- Pode me levar lá? Acho que me perdi da minha mãe - disse persistindo com os meus 7 anos de idade.<br />
- Me acompanhe - disse ele lambendo o seu próprio lábio superior enquanto se virava para tecer um caminho.<br />
<br />
Recordo-me de seguir aquele palhaço sanguinário, até ele me mostrar a saída.<br />
<br />
Recordo-me de encontrar a minha mãe em prantos ao lado de fora, gritando contra alguns policiais, em um grupo onde as pessoas se sobressaltavam.<br />
<br />
- Oi mãe... Você se perdeu, que bom que eu te achei né? - Disse eu - Podemos ir pra casa agora - Ela ficou pasma de repente, e sem dar uma resposta, foi em direção ao nosso carro estacionado. A essa hora era o único em todo o estacionamento do parque - Mãe? - Senti que tinha alguma coisa errada com ela - Tá bom... fui eu que me perdi... desculpa tá? Não vou mais me perder, que bom que o senhor palhaço me ajudou.<br />
- Porque você foi fazer isso, Peter?<br />
- Já pedi desculpas mãe... - lágrimas se encheram nos meus olhos - Eu não sabia que ia me perder.<br />
<br />
O caminho volta pra casa foi em silêncio. Achei que ficaria de castigo por um bom tempo naquela época. Mas não fiquei. Foi muito pior.<br />
A minha mãe passou a conversar muito pouco comigo, não achei que o que tinha feito fora tão grave assim.<br />
Dois dias depois, a cidade foi evacuada pelo tão famoso furacão Katrina.<br />
E no mesmo dia o parque foi abandonado.<br />
<br />
Com o tempo, a minha mãe foi cada vez mais conversando menos comigo.<br />
Fiquei sem entender por muito tempo.<br />
Mas com o passar dos anos... a minha mente inocente foi se transformando em algo mais maduro, algo mais concreto e desconfiado. Não sei quanto tempo passou para que isso de fato acontecesse.<br />
Até porque se perde a noção de tempo quando você está desse jeito.<br />
Só sei que ao voltarmos para a cidade, depois de bastante tempo morando fora, a primeira coisa que fiz foi caminhar pelas ruas maltratadas, até chegar no tão glorioso Parques six Flags, do qual todos chamavam de Jazzland.<br />
Entrei por aqueles portões fedendo a ferrugem.<br />
Atravessei aqueles brinquedos compostos por ruínas.<br />
E de longe...<br />
vi uma figura conhecida;<br />
Ao lado da antiga loja de sorvetes<br />
Uma figura que, desta vez, me arrepiara a espinha.<br />
<br />
Aquele ser emanando o cheiro de sangue, com a maquiagem alegre horrorizadamente borrada, e aquela mesma bola vermelha no lugar do nariz. Ali se encontrava.<br />
Olhando para o topo da roda gigante, que milagrosamente ainda estava em pé.<br />
Como se estivesse esperando outro garoto de sete anos olhar pra ele lá do topo.<br />
Para que a roda gigante parasse, o garoto se perdesse, e ele se lambuzasse com os seus ossos.<br />
<br />
Com passos simples e largos, parei ao seu lado.<br />
- Onde está? - Exclamei sem olhar para o seu rosto. Minha voz falharia se o fizesse.<br />
<br />
Os seus olhos reviraram, e lentamente, a sua cabeça começou a se virar para mim, aqueles lábios intensamente vermelhos sorrindo, sem parar.<br />
Um sorriso sarcasticamente impiedoso.<br />
<br />
- No túnel fantasma - Respondeu a criatura, sem ao menos mover os dentes.<br />
Aquela voz rouca me fez tremer.<br />
<br />
Caminhei até a entrada, ignorei o tremzinho que levava as pessoas pra dentro, e com passos largos adentrei o brinquedo. Não precisei andar muito, logo logo cheguei em uma sala úmida, escura e sem saída.<br />
Busquei um interruptor na parede, e ascendi as luzes.<br />
No chão vermelho repousavam uma grande dúzia de ossos.<br />
Me abaixei e peguei um deles.<br />
"Muito real para um brinquedo" - pensei, com o óbvio na cabeça.<br />
Peguei um deles, o que parecia ser do braço, e cheirei.<br />
Um cheiro putrefaço e fétido fez os meus olhos lacrimejarem.<br />
<br />
Mas, por mais que aquele cheiro ruim tomasse conta totalmente do ambiente.<br />No fundo, sentia o meu cheiro naqueles ossos.<br />
<br />
Por mais que não queria que fosse.<br />
<br />
Aqueles ossos pertenciam a mim.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
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<br /></div>
Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-18172053609941006622013-08-27T22:54:00.000-03:002013-08-27T22:54:56.212-03:00Por dentre o mar de janelas.E se víssemos os prédios todos de cabeça pra baixo?<br />Como se tivessem sido despejados pelo céu em um mar de janelas, algumas apagadas e misteriosas, outras já sorridentes de iluminadas.<br />Cada janela nos mostraria uma realidade diferente?<br />Nos mostraria o mundo que elas estão resguardando ali?<br />Com o passar dos dias, com o passar das noites, as crianças daquelas criações vão saltando das janelas, e, preparadas ou não, vão, cada uma, abrindo suas asas moldadas e preparadas pelos seus próprios interesses, desejos e até mesmo motivações.<br />Elas vão planando, lentamente. Às vezes se esbarram umas nas outras; às vezes inclusive, lutam e discutem intencionalmente. Tem umas que ficam apenas observando e abrindo ao máximo suas asas para aproveitar as raras correntes de ar, e com isso ganhar vantagem na frente dos mais vagarosos e desatentos.<br />E ao por do sol, voando por cima daquelas faixas alaranjadas de luz, elas encontram outro mar, imenso, de janelas escuras, dispostas em fileiras verticais.<br />Sabe-se lá se vão estar dispostas a entrar e possui-las, e se somente o tempo dirá quantas das criações irão conseguir adentrá-las, acender suas luzes e dar vida a mais novas pequeninas criações.<br />Para que voem;<br />Lutem;<br />E se esforcem ao máximo para conseguirem chegar com vida à outra leva de janelas.Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-56272154682256846012013-08-11T23:30:00.003-03:002013-08-12T15:17:27.195-03:00A sua, tão engenhosa, Mente.<div style="text-align: left;">
<span style="text-align: justify;"> Uma coisa que eu admiro em ti, é o jeito que escreves, a forma com que dispões as Palavras, uma atrás da outra, interligando-As de um jeito que parece que os seus Pensamentos estão de fato tomando forma. Como se as Palavras, antes apenas em tinta, tomassem corpo e se tornassem uma Ideia tão absolutamente concreta de formas-Pensamento, ou até mesmo uma representação, saturada, do que faz parte da sua, tão engenhosa, Mente.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
E ao compartilha-los, os seus Pensamentos, em forma dElas, as Palavras, não parece que estais apenas a dividir o seu conhecimento, mas sim a arrancar um pedaço do seu mais intimo e precioso mundo, e disponibilizando-o, para que outros e outras, de mundos semelhantes, ou até mesmo de mundos inteiramente opostos, possam se apropriar desta migalha perceptiva de sopro-conhecimento, de experiências e mais experiências, desta misera migalha, do tão precioso que é o teu orbe do tão infinito que é o teu universo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Fazes isto, de uma forma tão sutil, que se mostra imperceptível a olhos pouco treinados. Pois, como podemos discernir acerca da diferença das palavras que são compostas apenas pelo nanquim frio e das Palavras que foram arrancadas humildemente da sua própria constelação de estrelas?<br />
Não sei como o fazes, mas é algo gratificante, tão gratificante, que te torna um deus, ou até mesmo uma deusa, assim como a todos aqueles que possuem a coragem de compartilhar um intimo, assim como a todos aqueles que têm em si a sabedoria das constelações de seu próprio universo, assim como a todos aqueles que guardam o poder de aderir a tinta aos seus pensamentos. </div>
<div style="text-align: justify;">
Enfim... Assim como todos aqueles que esbanjam destes três triângulos para juntar palavras, e escrever uma frase;<br />
Por mais curta que ela seja.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-35731421659656770192013-06-22T01:20:00.003-03:002013-06-22T01:32:40.604-03:00Apertando os olhos se via uma ponte...<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444;">...Uma ponte de pedras pálidas, que cruzava um torrente profundo e abundante, se estendida por uma imensidão entre montanhas e árvores. Uma ponte que unia dois vilarejos tão bem compostos por casas robustas, pousadas humildes e tabernas ostentosas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444;">Por cima daquelas pedras tão bem colocadas, a luz, alaranjada, dos últimos raios do sol, iluminava mulheres, com seus aventais brancos carregando vasos cheios de de diversos tipos na cabeça, homens arrastando barricadas de madeira e carrinhos-de-mão igualmente pesados e cheios, crianças correndo umas atrás das outras, rindo e pulando contagiante e euforicamente, um cotidiano estável e promissor. Do qual o único medo das pessoas era a tão sinuosa noite.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444;">Quando os últimos e mais deslumbrantes raios de sol se foram, dando lugar às tão promiscuas estrelas e a tão voluptuosa lua cheia, as pessoas não estavam mas sobre aquela ponte, nem sobre as sinuosas trilhas de barro por dentre às casas e muito menos pelas árvores da floresta escura que os encobria, todas elas repousavam baixo telhados, rodeados por quatro paredes, e debaixo de não mais do que dois ou três cobertores perante suas camas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444;">Porém, na escuridão desta noite não tão escura, uma garotinha, com idade entre dez à doze anos, foi pega correndo deliber e desesperadamente perante as pedras, agora não mais pálidas, da ponte. Seus pés, descalços e levemente esfolados pela agonia, faziam um barulho estrondoso ao manter contato com o chão, o único barulho do momento, a não ser pelo boo das corujas, e pelo roçar dos grilos. Seus olhos arregalados, numa tentativa fútil de captar a mais minuscula das partículas de luz, ela procurava uma casa, de telhado verde escuro, tijolos alaranjadamente saturados, construída com uma porta de madeira robusta, e uma maçaneta cor de ouro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444;">A sua casa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444;">Após ultrapassar a ponte, e se deparar com um labirinto de casas, árvores e estradas, por fim, se deparou com uma porta familiar, de uma parede familiar, que possuía um telhado familiar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444;">Com um meio sorriso aliviado no rosto, a garotinha girou a maçaneta da porta e, estranhamente, ela foi aberta com muita facilidade, como se estivesse sido apenas encostada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444;">"Mãe" ela pronunciou a se deparar com a falta das luzes acesas na casa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444;">"Mããe" continuou ela ao entrar na casa, sem obter nenhuma resposta.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444;">Ao subir as escadas, uma porta foi aberta, e a garotinha pulou na cama em cima da mãe sonolenta, que não mais roncava.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444;">Um cheiro estranho.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444;">Ela sentia o cobertor um pouco empapado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444;">levantou-se, e sem resposta de sua mãe ou de seu pai, ascendeu uma vela já gasta, que estava disponível em cima de uma mesinha, ao lado da cama.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444;">Ela gritou.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444;">A cama estava empapada de sangue, que pingava, rítmica e ordenadamente no segundo piso de madeira da casa. Ela correu em direção à seu pai, apalpou-o, e ele estava do mesmo jeito, coberto até a cabeça pelas cobertas e com a vida escorrendo por dentre as cobertas e o travesseiro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444;">Outro grito pediu suplicas a sua garganta.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444;">E lágrimas se desplumaram mais ainda de seus olhos, ao ver o seu irmãozinho, João, no berço da mesma mais horripilante forma.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444;">A garotinha não conseguia mais conter os soluços que vinham por dentre os tão conhecidos gritos em silêncio.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando seguido por um trovão, que iniciou uma chuvisca.<br />
Ela abriu os olhos, e pulando de sua cama, temendo o pior, correu para o quarto de sua mãe.<br />
Ao pular por cima dela sentiu um certo nível de calor humano.</div>
<div style="text-align: justify;">
" O que foi Maria?" perguntou a mãe.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Apenas tive um pesadelo" respondeu a filha se aconchegando entre o ronco do seu pai e o ninar de sua mãe.</div>
<div style="text-align: justify;">
Seus olhos semicerrados foram fechando.</div>
<div style="text-align: justify;">
E sua alma, em formato de corvo, batendo asas neste mundo imaginário do sonhar tão pouco conhecido.</div>
<div style="text-align: justify;">
Desta vez sem medo...</div>
<div style="text-align: justify;">
...Afinal, são os sonhos que desfrutam da nossa realidade, e os pesadelos permanecem apenas no mais profundo limbo dos nossos, tão diversos, mundos.</div>
Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-21591533953908894542013-05-16T07:58:00.000-03:002013-05-16T08:03:26.026-03:00Lágrimas das nuvens<div style="text-align: justify;">
O momento em que uma família qualquer, dentro de um carro qualquer, sente um pequeno solavanco, e com a desculpa "não deve ter sido nada", do motorista, eles voltam a conversar tão normalmente quanto antes.</div>
<div style="text-align: justify;">
O momento em que você vê um rastro do tão conhecido sangue, vermelho, sendo erradicado cada vez mais sob o asfalto, por aquela roda emborrachada. </div>
<div style="text-align: justify;">
O sol fritando aquela rua claramente mal feita.</div>
<div style="text-align: justify;">
O que você faria se olhasse pros lados e absolutamente ninguém sequer pensasse em se importar?</div>
<div style="text-align: justify;">
As pessoas simplesmente desviavam o olhar... Pois é mais fácil continuar nos seus afazeres, tão imensamente fatídicos , do que parar apenas um segundo para pensar numa razão daquilo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Apenas um simples "porque?"</div>
<div style="text-align: justify;">
Será que a vida daquele pequenininho passou em frente aos seus olhos nos seus últimos segundos de vida?</div>
<div style="text-align: justify;">
Ou será que a mesma tenha sido curta o suficiente para que o vazio, e aquele gosto de ferro, tenha forjado os seus últimos tempos neste mundo?</div>
<div style="text-align: justify;">
E ao ver aquela tão misera e escrota cena.<br />
Percebi o quão brutal somos.<br />
Percebi o quão frio nos tronamos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Percebi que, "A esperança é a ultima que morre", não passa de uma frase para tranquilizar o seu filho, de dois anos de idade, ao dormir baixo trovões um tanto quanto barulhentos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pois aqui estou eu, no ponto de ônibus... Perdido nos meus fones de ouvido, com um guarda-chuva pro alto enquanto escuto o som de todas aquelas lágrimas das nuvens caindo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Com apenas um único e imbecil pensamento egoísta: "Onde será que está o meu ônibus?"</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pelo menos as nuvens choram, </div>
<div style="text-align: justify;">
mesmo continuando tão frias.</div>
Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-1444405903462087062013-04-29T22:20:00.001-03:002013-04-29T22:20:26.972-03:00O som de um vagalume<div style="text-align: justify;">
Aqui está ele, um menino, garoto ou homem, sentado em um balanço de madeira rustica, feito a mão, em frente à imensidão de um azul marinho praticamente negro. Enquanto um leve vai-e-vem constante do brinquedo dava movimento à noite, ele apenas olhava para o encontro, dos dois mais poderosos titãs, o Mar e o Universo. Uma linha tênue, praticamente imperceptível, permanecia separando os dois, talvez... se ela não estivesse lá, os dois gigantes poderiam acabar se destruindo, pouco a pouco, um ao outro, ou até, no melhor dos casos, se mesclando, se tornando um. Como seria interessante ver as estrelas e constelações que tanto conhecemos, mergulhar sob a espuma das ondas?</div>
<div style="text-align: justify;">
Enquanto ele, aquele menino, garoto, ou homem, se perdia neste tipo, tão esdruxulo, de pensamentos, não se deu ao luxo, de se deparar com mais duas presenças naquela noite. <br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma das presenças, a mais notória era uma menina, garota ou mulher, que usava um agasalho com a cor da mais bela das pétunias, caminhava, lentamente, com as mãos no bolso forrado,</div>
<div style="text-align: justify;">
- Não tá com frio? - Ela perguntou ao se aproximar de suas costas.<br />- Não - Respondeu deixando que o balanço parasse com o movimento de antes.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Porque tá ai sozinho? - Ela esboçou um sorriso tímido, que, infelizmente, ele não pode ver.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Pensando, apenas.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Pensando sobre o que? - Sua voz mudou de tom.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Nada.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Diga - Mudou novamente. Seus braços se estenderam, em um abraço, pelos ombros dele, e logo depois despejados lentamente, para frente de seu corpo. Ela encostou a cabeça em seu ombro, e se apoiou contra as suas costas - Diga... - Repetiu.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Como a noite é incrível, não é?</div>
<div style="text-align: justify;">
- É - Ela respondeu sem largar o abraço.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A outra presença, um pouco mais discreta, era eu. Estava parado, em cima de uma telha, observando aquelas duas crianças, aqueles dois adolescentes ou, até mesmo, aqueles dois adultos, que fitavam a imensidão desconhecida, e, aos poucos, percebiam o quanto a tinham para si.<br />Abri voo e fui planando até uma folha, ao lado do tão conhecido balanço.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Olha... Um vagalume - Comentou ela apontando para um ponto brilhante, verde, no meio daquela escuridão. Ele olhou.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eles sorriram.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />Na posição em que me viam, parecia que uma estrela tinha acabado de invadir o mar.<br /></div>
Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-19274183720168577462013-04-10T14:45:00.001-03:002013-04-10T14:45:52.212-03:00 A Garota de calça rosa.<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="color: #404040;"><span style="font-family: inherit;">Um
certo dia, uma certa noite. Um garoto perdido em suas próprias
formas-pensamento permanecia sentado, arrodeado do tão famoso cemitério dos
livros, com um exemplar de fábulas em mãos. Os seus olhos, mesmo demonstrando
uma pequena e incerta tranquilidade, se dispersavam por dentre a livraria em
alguns poucos momentos cronometrados, como se estivesse a espera de alguém que
já era para ter chegado. Tinha terminado de ler a segunda fábula, quando o seu
celular, no bolso, vibrou.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="color: #404040;"><span style="font-family: inherit;">"chegamos,
vá indo para lá já" - Era uma mensagem.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="color: #404040;"><span style="font-family: inherit;">"Tô
indo" - Respondeu antes de se levantar, guardar aquele livro, albino,
naquela estante levemente empoeirada, e voltar a sua atenção ao seu redor.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="color: #404040;"><span style="font-family: inherit;">Um ambiente
silencioso, algumas pessoas perambulavam revivendo livros daqui pra ali, como
se fosse um ato comum do próprio cotidiano dessa livraria. Com passos largos,
depois de se dar conta do ambiente do qual permanecera, ele se dispôs a andar.
Saiu do vasto aposento, e se deu contra o resto do shopping. Infelizmente,
nesta cidade, as livrarias só se encontravam nessas tão representativas
construções, que lembram mais o consumismo do que a qualquer outra coisa. Ao
subir mais um lance de escadas rolantes, se deparou contra a uma pequena
multidão completamente desordenada. Foi caminhando por entre ela até avistar um
pequeno grupo, de apenas três pessoas, uma delas acenou pra ele.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="color: #404040;"><span style="font-family: inherit;">E
inevitavelmente ele sorriu.</span></span></div>
<a name='more'></a><span style="font-family: inherit;"><o:p></o:p></span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="color: #404040;"><span style="font-family: inherit;">Ao se juntar a
dois rostos familiarmente amigos e a mais outro, uma garota que vestia uma
calça jeans rosa, a droga de um sorriso idiota não conseguia sair de seu rosto
estampado. Porém, ela não pareceu notar, estava de costas.<br />
- Hey - disse ele ganhando uma parte de sua atenção.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="color: #404040;"><span style="font-family: inherit;">Ela sorriu
quase se escondendo, após um abraço, curto e tímido, de comprimento.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="color: #404040;"><span style="font-family: inherit;">A partir deste
momento eles compraram um ingresso para um filme, foram lanchar alguma coisa
qualquer, e finalmente entraram naquela sala, escura, talvez até mágica, da
qual se passam os tantos filmes que são, por aí, produzidos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="color: #404040;"><span style="font-family: inherit;">O garoto, e a
garota de calça rosa se sentaram lado a lado, e, aos poucos, conversas
compostas por diálogos tímidos foram surgindo, até mesmo depois do início do
filme, que começou, inclusive, em preto e branco.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="color: #404040;"><span style="font-family: inherit;">Não se sabe
muito bem ao certo, mas, naquela hora, o que importava, não era o filme, nem a
companhia daqueles dois amigos, e muito menos aquele saco colorido de pipocas,
mas sim, aquelas duas mãos, que estavam prestes a se entrelaçar. E que a partir
delas seria tecido, talvez, um beijo, não esperado das duas partes, porém ainda
assim, sonhado. <br />
Um beijo, que mesmo no meio de toda aquela confusão de pensamentos e
expectativas, faria com que os dois, o garoto, e a garota de calça rosa, no
final daquela dança de formas-pensamento, esboçassem um sorriso vermelho.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="color: #404040;"><span style="font-family: inherit;"><br />Do qual ele,
jamais esqueceria.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="color: #404040;"><span style="font-family: inherit;"><br />Fora por conta
desses acontecimentos, absurdamente incomuns que essa história se dá tamanha
relevância.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: #404040;">Pois, cerca de quase um mês depois, o mesmo garoto, em um dia qualquer
pergunta </span><span style="color: #404040;">à mesma garota.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="color: #404040;"><span style="font-family: inherit;"><br />"Posso te
contar uma história?</span><span style="font-family: Bodoni MT, serif;"><o:p></o:p></span></span></div>
Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-56889861096464400592013-04-01T23:03:00.000-03:002013-04-01T23:03:23.526-03:00O que vemos quando fechamos os olhos.As vezes é bom chegar em casa sob a lua e compartilhar o que aconteceu baixo o sol, contar todas aquelas historias exageradamente belas e parcialmente fictícias, com uma gargalhada de lado a lado.<br />
<br />
As vezes é bom dividir todas aquelas conquistas, aquelas glórias honrosas, aquelas perdas respeitadas e extrair das mesmas lágrimas baixo estrelas, ou dos mesmos sorrisos baixo trovões.<br />
<br />
É bom apenas ter a certeza de que sob luas ou sob sóis, sob estrelas ou sob trovões, eu ainda poderei compartilhar minhas histórias, dividir minhas conquistas e extrair minhas lágrimas.<br />
pois é você quem eu vejo quando fecho os olhos.Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-17456787790979393122013-02-09T01:32:00.001-03:002013-02-10T19:50:27.284-03:00Uma nota para os demônios.<div style="text-align: justify;">
Estava no tédio das gotas de chuva que se alargavam por toda minha cidade, trancado no meu quarto, com as luzes apagadas, e aquele monitor de sempre flutuando no meio de toda aquela escuridão, quando um dubstep começou a tocar, bem de longe, vindo da rua amarelada pela noite. Uma música a essa hora me incomodaria, porém desta vez não o fez. Me peguei tocando as batidas com o pé, ritmicamente, até me levantar e dispor-me ao vento da janela numero quatro, do prédio.</div>
<div style="text-align: justify;">
um grupo de adolescentes bebiam e conversavam ao meio da pracinha, banhados sob as caixas de som, excessivas, de um carro, poucos metros distante da entrada da construção.<br />
Normalmente reclamaria.<br />
Não o fiz.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: white;">Metzli viu, sua presa olhando-a pela janela.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: white;">Metzli estava pronta para mata-la.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
Um deles, uma garota, dançava sozinha de olhos fechados, fora do coberto, meio afastada do grupo. Seus cabelos molhados e escuros pela chuva contínua, desciam colados por suas costas até quase as nádegas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não sei quanto tempo passei ali, admirando tal cena sem sentido.</div>
<div style="text-align: justify;">
Se o limbo fosse menos colorido, pareciam ali demônios ao invés de homens. </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: white;">... Sim... Eramos Demônios DEMÔNIOS.... Mitzli é um demonio.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Qual a diferença dos dois? Homens e Demônios?</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: white;">Metzli responde que é a sede por sangue....</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: white;">Na verdade Mitzli não acha que há tanta diferença...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há apenas uma coisa que eu sei, sobre essa relação tão fantástica.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os Demônios, Anjos caídos, podem ler coisas que nós homens não podemos, coisas que foram escritas no mais profundo do limbo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Despertei do transe, e desviei o meu olhar<span style="color: white;"> ...DE MIM, Mitzli,</span> da garota que dançava, estava já me sentindo tonto, caminhei de volta ao meu quarto, desliguei o monitor ainda ligado, e me joguei na minha cama.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ela fez um rangido de madeira velha.<br />
Quando me virei, senti o colchão levemente molhado, - Devo ter esquecido a janela aberta - fui apalpando para sentir de onde vinha tal evento desagradável. e no meio de todos aqueles lençóis senti uma mão.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: white;">A MINHA MÂO, a mão de Mitzli.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: white;">Mitzli segurou o pulso dele com toda a minha força.<br />Vou puxa-lo para a janela....</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma mão me puxou para a janela.</div>
<div style="text-align: justify;">
Quando o reflexo foi rápido o suficiente para me fazer abrir os olhos, me vi caindo, caindo do sorrateiro quarto andar, até aquela pracinha tão colorida ao dia.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: white;">Senti o cheiro de sangue...<br />Metzli gosta de sangue...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: white;">me aproximei do corpo caído, e comecei a deliciar-me de seu liquido vital.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: white;">como era bom </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: white;">No limbo não tinha essas coisas...<br />No limbo os homens eram apenas sombras em sépia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: white;">Não.... Eu não dividiria com o resto deles, consegui seduzi-lo e mata-lo por mim mesma...<br />Era a presa da Mitzli, de mais ninguém.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Apostei comigo mesmo, que não vi aquela adolescente dançando no meio da chuva...</div>
<div style="text-align: justify;">
e junto ao meu ultimo suspiro, deixei que os anjos me levassem...</div>
<div style="text-align: justify;">
Ao menos assim pensava...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-73623521462014054572012-12-18T20:29:00.002-03:002012-12-19T02:39:01.764-03:00Limbo<div style="text-align: justify;">
- Carla! - Chamou minha amiga.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Oi...- Respondi.</div>
<div style="text-align: justify;">
- O que achou dessa bolsa? - Perguntou me entregando uma vermelha, com alguns feches dourados.</div>
<div style="text-align: justify;">
Estávamos no shopping, era a unica coisa que tínhamos a fazer em um fim de semana dessa velha cidade quente.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Bonita, mas não andaria com ela - Segurava, automaticamente, aquele objeto, mas meus pensamentos estavam a milhas daquele shopping.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Pare de viajar vá! - Retrucou ela, puxando a bolsa da minha mão.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Desculpa - Sai do transe.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Tava pensando em que?</div>
<div style="text-align: justify;">
- Só pensando...</div>
<div style="text-align: justify;">
- Seeei - Ignorei os protestos repugnantes, e voltei a minha atenção para uma multidão de mulheres, que se aproximavam à sessão de roupas em que estávamos. De longe, eu avistei um garoto, sozinho, o que não era comum em lojas como essa, cabelos negros, longos para um homem, porém curtos para uma mulher, um corpo um tanto quanto magro; Seus olhos, perdidos no nada demonstravam uma certa frieza, porém também uma incrível superioridade, apesar de parece ter apenas doze ou treze anos, e o mais incrível, ele chorava sem expressão alguma.<br />
- Já vai dar dez horas, e meu pai ainda não chegou. - Disse minha amiga. Estava tarde.<br />
- Vamos descer - Respondi - É melhor, quando ele chegar já estaremos lá.<br />
Ela parou o que estava fazendo e foi em caminho a saída da loja. Fui me esquivando por dentre a multidão, e quando menos esperava estávamos sentadas em um banco alto do estacionamento, balançando as pernas como se fossem duas crianças risonhas e divertidas.<br />
- Obrigada pelo dia.<br />
- Foi divertido - Respondi com um sorriso de fechar os olhos no rosto.<br />
O farol alto de um carro, que subia pela rampa, a nossa frente, me cegou por alguns segundos.<br />
- Deve ser ele - Disse ela se levantando e caminhando até o carro, que parava aos poucos.<br />
<br />
<a name='more'></a>A porta do carona abriu e um homem robusto, usando um terno antigo se levantou.<br />
Não era o pai dela.<br />
Imediatamente, a minha amiga virou e voltou ao meu encontro com um sorriso tímido e sem graça pelo fora desconfortável.<br />
- Senhorita... - chamou o homem.<br />
Ela se voltou lentamente.<br />
Quando uma arma sem cor foi sacada de trás do seu traje.<br />
Do qual com uma faísca sem entusiasmo.<br />
Uma bala sem som perfurou o meio de sua testa.<br />
Me levantei. A minha boca aberta demonstrava um aflição descontrolada.<br />
Minha amiga estava ajoelhada, com as pernas abertas, seus joelhos esfolados pelo asfalto e a sua cabeça baixa, com uma quantidade imensa de sangue escorrendo da mesma.<br />
Senti vontade de vomitar, mas a adrenalina não me permitiu.<br />
Em câmera lenta dei dois passos ao seu encontro;<br />
Ela ainda permanecia com aquele mesmo sorriso sem graça de antes, mas o seus olhos, cobertos pelo liquido viscoso, estavam, totalmente arregalados, como se tivessem visto a sua vida em apenas um piscar. E, na verdade, eles viram sim. Meia duzia de segundos depois uma bala perfurou o meu peito, e o mundo, após vários flashes nostálgicos, sucumbiu em escuridão ao redor.<br />
<br />
- Acorda - mandou uma voz fraca - Ele está vindo.<br />
Me Levantei com um baque, toquei no meu peito e senti a camisa branca empapada.<br />
- Sangue! - quase berrei.<br />
E era.<br />
Mas eu, estranhamente, não sentia dor.<br />
Puxei a camisa, de baixo pra cima e apalpei o meu coração, nu, um pouco acima do sutiã, sem me importar com quem estava, ou não la.<br />
Suspirei aliviada ao perceber que não tinha me machucado.<br />
Levantei o rosto olhando para outro, um garoto, no auge dos seus dezenove ou vinte anos, olhava pra baixo poucos metros distante.<br />
Coloquei a camisa de volta, quando percebi que ele não estava normal.<br />
Gritei!<br />
Uma enorme cicatriz em formação rasgava seu rosto em dois.<br />
Ele, de cabeça baixa, escondia-se nas trevas, onde metade de seu corpo estava preso abaixo de alguns muitos escombros<br />
Me levantei com um salto.<br />
- Se você ficar ai, você vai ser levada - Palavras saíram como suspiros agonizantes de uma boca que não se mexia.<br />
- Levada? - Consegui perguntar - Pra onde?<br />
- Ninguém sabe - Olhei ao redor, e um mar de ruínas se estendiam por todo o horizonte, como se estivesse travada uma guerra infinita. Ao meu lado uma casa, apodrecida em escala de cinza, se desmantelava aos poucos.<br />
Ele tossiu como se estivesse engasgado com alguma coisa.<br />
- Onde estou?<br />
- Você morreu - A sua voz estava cada vez pior - E se ficar ai parada, ele vai te levar.<br />
- Ele? Quem? - Lágrimas desconfiadas se formavam no canto dos meus olhos.<br />
- Deus.</div>
Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-57228221427132666302012-11-12T23:05:00.001-03:002012-11-22T18:44:07.029-03:00Noite de Halloween<div style="text-align: justify;">
- Você acredita em fantasmas filho? - Disse o velho.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Eles não existem - Respondeu o adolescente emburrado.</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Lá estavam, um senhor, com mais de quarenta e dois anos, e seu filho no auge dos seus dezessete, ambos sentados em poltronas antigas, porém ainda assim confortáveis, postos à luz e ao calor de uma lareira bem acomodada e acesa, mais para o canto do aposento.</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
- Você tem certeza? - Perguntou o velho.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Nunca vi um, oras - Respondeu-lhe veemente.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Pois tenho que lhe contar uma historia... - E de fato o tinha:<br />
<br />
<a name='more'></a><<Uma historia de um homem, que na época devia ter uns vinte cincou ou talvez até vinte seis anos. Mas bem... Quando era criança tinha o costume de, toda noite de halloween, sair, fantasiado, batendo de porta em porta, pedindo doces e assustando pessoas, como todas as crianças faziam na época, porém isso foi se perdendo, esse "espirito halloween" de antigamente, com o tempo, sumiu, as crianças só queriam saber de computadores, e maquinas tecnológicas, que não serviam nada mais nada menos do que para deixa-las subjugadas e viciadas às próprias. O homem, anualmente, comprava cestas e cestas de doces, para ter o que dar ás crianças, se elas viessem bater em sua porta, porém, desapontado, guardava todas as cestas por inteiro, muitas vezes sem poder doar uma sequer balinha de menta, até que chegou o tempo, que mais ninguém se dava a vontade de sair nas ruas para continuar com essa tão gloriosa tradição. Um certo ano ele simplesmente não saiu para comprar doces. Talvez tenha se cansado de se preocupar com isso, talvez tenha tido outras coisas pra fazer, ou talvez tenha simplesmente se esquecido. Já tinha passado das nove horas da noite, e ele estava recolhendo as coisas pra ir tomar o descanso de sempre, quando três batidas sincronizadas foram adicionadas a porta da frente. "Quem deve ser essa hora da noite?" Perguntou para si mesmo, parou tudo o que estava fazendo, e foi de cara para aquela porta de madeira.<br />
- Doces ou travessuras? - Disse uma criança de mais ou menos sete anos, fantasiado de vampiro com uma cesta vazia em mãos.<br />
- Er... mas é... - Ele tinha ficado pasmo, como que logo no dia que ele não tinha comprado os doces...?<br />
- Senhor? - insistiu.<br />
- Ah, me desculpe, mas hoje eu estou sem doces.<br />
- Doces ou travessuras? - Perguntou novamente a criança, quase com lágrimas sedentas no canto dos olhos.<br />
- Eu já disse que eu não tenho - Retrucou o homem.<br />
- Travessuras? - Mais uma vez, porém com um certo tom sarcástico.<br />
O homem bateu a porta levemente, com um peso na consciência.<br />
- Como pude não lembrar - Comentou para si mesmo. Com poucos passos se jogou no sofá, e lá permaneceu por alguns poucos minutos.<br />
- Travessuras? - Disse aquela voz de agora a pouco.<br />
O homem levanta com um susto, e da de cara com aquela mesma criança, fantasiada de vampiro.<br />
Seus olhos se arregalam, sem saber o que esperar.<br />
Ela sorri, com suas presas de borracha.<br />
E então, a criança larga a cesta vazia, coloca as duas mãos por cima da cabeça do homem, que surpreendido, permanece imóvel.<br />
Longos segundos se passam.<br />
Até que, com um movimento borrado, ela puxa a cabeça da vitima e bruscamente morde um pouco mais acima de seu pescoço.<br />
Aquelas presas não eram de borracha.<br />
O sangue começa a escorrer, manchando tanto sua camisa quanto sua pele já pálida. O cheiro podre infesta o ambiente de porta e janelas fechadas.<br />
A criança, com um puxão, arrancou metade do pescoço do cadáver, fazendo-o cair em prantos no chão, já úmido por aquele liquido vermelho que percorre as veias de todos nós.<br />
Os Seus olhos demonstravam que havia sido morto violentamente, enquanto os do pequeno assassino, só transpareciam uma leve e serena frieza.<br />
- Travessuras - Disse aquela mesma voz, porém mais tranquila desta vez.>><br />
<br />
- Isso não tem nada haver com fantasmas - Reclamou o adolescente.<br />
- Na verdade tem - Retrucou o velho.<br />
O fogo da lareira estava cada vez menor, fazendo com que seus últimos fôlegos em chamas criassem sombras dançantes de tudo ao seu redor.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Artur! - Gritou sua mãe - Quantas vezes eu já te disse pra não ir dormir tão tarde!<br />
Uma mulher entrou nos aposentos.<br />
- Mãe...<br />
- E ainda tá com a lareira acesa - Ela levantou-o, como se estivesse ignorando o contador de historias, e dirigiu-o até o seu quarto.<br />
<br />
- Tava fazendo o que lá a essa hora? - Deu pra ouvir pela porta entreaberta do quarto.<br />
- Meu pai tava me contando uma historia.<br />
Um breve, porém doloroso silêncio se fez.<br />
- Filho... O seu pai faleceu a dezessete anos atrás.</div>
Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-46875661062565218392012-10-30T00:20:00.001-03:002012-11-08T23:20:32.006-03:00Apenas Gotas.<div style="text-align: justify;">
Estava no pátio, de uma praça desolada.</div>
<div style="text-align: justify;">
Caminhava por dentre a diversos arbustos, devidamente cortados, e paralelepípedos milimetricamente ordenados.</div>
<div style="text-align: justify;">
O sol, grandioso como sempre, repousava, desta vez timidamente, atrás da silhueta das nuvens, já , por nós, conhecidas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Com as mãos nos bolsos e a coluna esticada revirei a cabeça para o alto, e me dei de cara com o céu, escurecido pelos feches fracos e avermelhados da luz do sol.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aquelas grossas camadas de nuvens escuras e inatingíveis.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Parei de andar.</div>
<div style="text-align: justify;">
Quando uma gota, fria e pálida, desceu contra a minha testa, dissolveu-se, e escorreu ao meu rosto.</div>
<div style="text-align: justify;">
Fiquei ali, estável, admirando a beleza do tão ignorado chuvisco.</div>
<div style="text-align: justify;">
As gotas, cada vez mais frequentes, rasgavam os céus, sem pouca compaixão, descendo até o inalcançável dos chãos sem cor, tocando cada ser de cada alma.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em apenas poucos minutos já me sentia encharcado ainda junto a escuridão das nuvens, assim como todos que não sonhavam estar ali, Nossos pés, descalços, perdidos em poças, escuras e enormes, de chuva, permaneciam desajeitados, sujeitos a tal viscosidade do desconforto.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As gotas cessaram, e as nuvens, das quais as tinham liberado com tanto veemência esvoaçaram junto às antigas correntes de ar, dando espaço, lentamente, aos avermelhados raios de sol, que agora, por sua vez, se intensificavam, dando, finalmente, cor ao ambiente antes pálido.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Você fora o único que presenciou o convite a nossa vida, e o único que poderá tira-la de nós - Disse, ao céu, para meus pensamentos, enquanto percebia, através da nova luz, que o que as nuvens tinham chovido, não eram simples gotas de chuva, mas sim gotas avermelhadas e promiscuas, das quais, nós seres pensantes chamamos de sangue.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sorri.</div>
<br />Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-18272804106660361532012-10-11T22:04:00.000-03:002012-10-11T22:04:46.564-03:00"Prefiro me arrepender de confiar em alguém a me arrepender de duvidar de alguém." - SAOTiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-63079318039822237432012-09-17T21:45:00.001-03:002012-09-17T21:47:11.744-03:00Dias estranhos.<br />
- Porque a água é tão negra? - Perguntou o garoto.<br />
<br />
- Porque reflete o céu - Respondeu o velho.Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-6637600284684513342012-09-06T23:14:00.000-03:002012-11-08T23:21:51.266-03:00O guarda chuva Vermelho.<div style="text-align: justify;">
Em um mundo onde uma aura verde reinava em forma de árvores grotescas robustas, alguns vaga-lumes iluminavam as partes mais densas e obscuras daquela floresta cor esmeralda, das quais pouco era permitida entrada da luz da lua, </div>
<div style="text-align: justify;">
Ali, em uma simples e humilde clareira amarelada, permanecia o vermelho forte de um guarda chuva.</div>
<div style="text-align: justify;">
Um guarda chuva do qual duas mãos, deveras pequenas, o seguravam com uma certa dificuldade, enquanto aquela cor sangue refletia no ambiente, dando a ele um tom rosado e indulgente.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não estava chovendo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Faixas de luz, escurecidas pela umidade e pela noite, passavam pelas folhas aleatórias, das copas daquelas árvores, e se encontravam no centro da clareira, já conhecida.</div>
<div style="text-align: justify;">
Enquanto lábios, indecisos, murmuravam silenciosamente algumas silabas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Olhos, fechados, permaneciam cobertos pelas penumbras, abaixo da sombra daquela vastuosa noite.</div>
<div style="text-align: justify;">
Sua testa, franzida, demonstrava uma certa preocupação, talvez até mesmo um certo medo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Suas mãos, suavam, sem se importar com o frio.</div>
<div style="text-align: justify;">
E sua respiração ofegante e fora do ritmo, declarava o tamanho de seu pavor.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Afinal, era somente uma garotinha com um guarda chuva vermelho em mãos, ao meio de uma floresta delicada, porém insana.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Seus olhos se abriram.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Estavam agora, encarando algo. Algo que se movimentava.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Apesar de seu nervosismo, de sua preocupação, e até de seu medo, ela não deu passo algum pra trás. Se manteve firme, mesmo estando com os olhos cheios de lágrimas frias, ali estava, encarando, com o busto pra frente, o que estava por vir.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por dentre as grossas cascas de madeira, e a vasta escuridão, já pertinente, Surge uma figura negra e curvada, andando com passos cada vez mais lentos se deliciando vagarosamente daquele medo agonizante debilitado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Que dentes grandes a senhora tem - Disse-lhe a garotinha, antes de fechar os olhos por uma ultima vez.</div>
Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-82792253727911721432012-08-20T01:16:00.004-03:002012-08-20T01:17:36.825-03:00Pense como se você estivesse vendo algo que nunca viu...<span style="font-family: inherit;"><i>Bú!</i></span><br />
<br />
Pense em outra coisa;<br />
Pois agora você já o viu.Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-17257331559205946702012-08-15T01:53:00.000-03:002012-08-15T02:09:14.988-03:005.<div style="text-align: justify;">
Uma música, pesada e pouco rítmica, tocava, alta, nos meus fones de ouvido enquanto o movimentar, em excesso, do ônibus me levava a uma sensação nauseante. Mas ali estava eu, sentado ao lado de uma cadeira vazia olhando pela janela perdido sob meus pensamentos em forma de sonhos, no meu cotidiano fatídico dia, quando, para minha surpresa, uma camisa branca se senta ao meu lado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Uma garota.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Desvio o olhar um tanto quanto assustado, e percebo um rosto tranquilo e pálido olhando para suas unhas cor de rosa. Ela também estava perdida em formas-pensamentos próprios, tanto, que nem percebeu a minha notória observação.</div>
<div style="text-align: justify;">
Seus olhos brilhavam, como se estivessem segurando lágrimas já a um bom tempo.<br />
<a name='more'></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Olhei para os lados, e o ônibus estava relativamente vazio. Porque ela teria de sentar logo aqui?</div>
<div style="text-align: justify;">
Ignorei o incomum ocorrido e voltei a minha atenção para a janela, e música.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
"bip" - A garota abre a bolsa e pega o seu celular.</div>
<div style="text-align: justify;">
"<i>1 mensagem não lida</i>" - Brilha, flutuante, no LED daquele aparelho.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ela aperta com o dedo na mensagem, e volta a sua atenção para a mesma.</div>
<div style="text-align: justify;">
A curiosidade, que já não me faltava, grita mais alto, e eu viro, imperceptivelmente, o meu olhar a aquela tela.</div>
<div style="text-align: justify;">
Seus olhos não conseguem mais conter as lágrimas guardadas, e agora, em vez de brilharem, são encharcados, fazendo-a em cair prantos e soluços tímidos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Apertei os olhos, e com um certo espanto, fora-me permitido saber o que fizera aquela garota, tão tranquila, chorar em público... Mas eu sinceramente não entendi.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"<i>5</i>" - Dizia a mensagem... Apenas "cinco".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ignorei, com um certo peso no coração, e voltei, mais uma vez, a escutar integralmente a música, que terminou logo em seguida, começou outra.</div>
<div style="text-align: justify;">
"bip" - Mais uma vez.</div>
<div style="text-align: justify;">
E como se fosse uma rotina, a garota pegou o celular, abriu a mensagem e ficou ainda mais agoniada.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"<i>4</i>" - Dizia ela desta vez.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Me encostei no encosto da cadeira, e fechei os olhos, sonolento.</div>
<div style="text-align: justify;">
"bip" - Mais um.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ignorei por completo desta vez, provavelmente viria um "três", ou sei lá o que eram aquelas mensagens. Nem me dispus a abrir os olhos, porém, ainda permanecia com aquele peso no coração por ter alguém ao meu lado chorando, e eu não poder fazer nada sobre isso.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Bip" - Outro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"Bip" - Mais um ultimo, antes dela gritar em agonia.</div>
<div style="text-align: justify;">
Um único grito, seguido de soluços, como se estivesse prevendo alguma coisa que viria por vir.</div>
<div style="text-align: justify;">
Abri os olhos de imediato, e assim como todos os passageiros, mantive a minha atenção assustada nela.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- O que foi Senhorita? - Alguém teve a coragem de perguntar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E ali permaneceu o silêncio do movimentar do ônibus, enquanto todos olhavam para um desconhecida da qual escondia o seu rosto, já encharcado, por entre os braços e pernas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Poucos segundos depois.</div>
<div style="text-align: justify;">
Uma buzina desesperada foi escutada, seguida de um baque desenfreado.</div>
<div style="text-align: justify;">
E como se algo maior estivesse com pena da garota por estar derramando lágrimas sozinha, fez com que a frente do ônibus estourasse.</div>
<div style="text-align: justify;">
Uma implosão de ferro fundido e vidro.</div>
<div style="text-align: justify;">
Fui arrastado, loucamente, a frente por uma gravidade infinita, assim como todos os outros passageiros.</div>
<div style="text-align: justify;">
A parte traseira, subiu.</div>
<div style="text-align: justify;">
Me bati, tentando me segurar em algumas cadeiras, vendo aquela caixa retangular de ferro e fuligem explodir em sangue e fagulhas desordenadas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Num mundo caótico em câmera lenta.</div>
<div style="text-align: justify;">
Vi aquela camisa branca sendo arrastada à explosão.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E então, por dentre o grito mental das pessoas , faíscas de fogo ao longe e lágrimas imaginárias derramando aos prantos por entre vidros, um celular repousava no asfalto límpido, um tanto quanto malgastado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
"<i>1 mensagem não lida</i>" - Brilhava, flutuando, na tela rachada, rosa e verde, daquele aparelho.<br />
<br />
"<i>0</i>" - Apareceria desta vez, se aquela garota pudesse apertar naquele ícone tão convidativo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-55466465605839417132012-08-12T23:07:00.002-03:002012-08-12T23:07:19.096-03:00Fotos<div style="text-align: justify;">
- Porque você guarda essas fotos ainda? - Perguntou ela.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Porque eu gosto de relembrar aqueles velhos tempos - Respondeu ele.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Você não se incomoda?</div>
<div style="text-align: justify;">
- Porque me incomodaria? Eles foram ótimos.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Queime-as, pois você não os possui mais.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Um certo dia, uma certa pessoa, me ensinou que as fotos não servem apenas para guardar, fisicamente, os momentos, elas, carregam consigo nossos pensamentos, memórias, sentimentos, lembranças, sonhos e, inclusive, nossas almas. As fotos são incrivelmente mais poderosas do que aparentam, como se ao soar do flash o enquadrado se permita a trancar uma parte de si dentro da, tão conhecida, obsoleta câmera, para que ao se deteriorar, ou a morrer, não se perca totalmente. Como se estivesse guardando uma parte de si neste mundo, tão fatídico. Então, agora vens a mim, com tamanha ingenuidade, perguntando se eu ainda guardei esta grandiosa parte da minha alma? Respondo-lhe, senhorita, que sim, do mesmo jeito como que você preserva tão belamente a sua vida, eu preservo tão belamente a minha.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Então, vives inutilmente do passado?</div>
<div style="text-align: justify;">
- Fora o passado que me fez quem sou. Não seria nada se não vivesse do mesmo...</div>Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-42564284882368530872012-08-06T23:46:00.001-03:002012-08-07T17:31:46.857-03:00Porque eu não escuto mais ninguém?<i><span style="color: #444444;"><Vamos descer no próximo ponto não vamos?><br /><Aquele do parque?></span></i><br />
<br />
- Eu realmente não sabia o que estava fazendo naquele ônibus - Pensei.<br />
<br />
<i><span style="color: #444444;"><Quer um chiclete?><br /><Vou andando pra casa, não aguento mais esse engarrafamento!></span></i><br />
<i><span style="color: #444444;"><Lembra de Mariana?><br /><Qual delas?></span></i><br />
<br />
- Eu só queria ir pra casa - Continuava - Porque eles não podiam fazer um pouco, só um pouco mais de silêncio?<br />
<a name='more'></a><br />
<i><span style="color: #444444;"><br /></span></i>
<i><span style="color: #444444;"><Pessoal, boa noite...></span></i><br />
<i><span style="color: #444444;"><Lá vem outro vendedor ambulante></span><br /><span style="color: #666666;"><Pois é!></span></i><br />
<i><span style="color: #444444;"><Eai? Quando é que vamos marcar mais alguma coisa?><br /><Tudo bem com você?></span></i><br />
<i><span style="color: #444444;"><Na verdade... eu só não tive um dia muito bom, Daniel></span></i><br />
<i><br /></i>
- Parece que vai demorar - Olhei pela janela daquele imenso automóvel de metal e ferro.<br />
<br />
<i><span style="color: #444444;"><Tô com fome></span></i><br />
<i><span style="color: #444444;"><You'r enjoing here?></span><br /><span style="color: #666666;"><Kind of></span></i><br />
<i><span style="color: #444444;"><Velho... Você se considera uma pessoa feliz?.</span></i><br />
<br />
- Eu sou feliz? - Perguntei.<br />
<br />
<span style="color: #444444;"><i><Algumas pessoas não fazem por mal></i></span><br />
<i><span style="color: #666666;">< Eles mentem pra você></span></i><br />
<i><span style="color: #666666;"><br /></span></i>
- Sou... - Respondi.<br />
<br />
<i><span style="color: #666666;"><Você é muito besta migaa!></span></i>
<br />
<i><span style="color: #666666;"><Alô? Mariana?></span></i><br />
<i><span style="color: #999999;"><Agente era pra ter saído de lá mais cedo></span></i><br />
<i><span style="color: #999999;"><br /></span></i>
- Eu quero cumprir com todas aquelas promessas que fiz - Pensei.<br />
<br />
<span style="color: #999999;"><i><Quantas vezes eu tenho que te dizer Rafael?></i></span><br />
<i><span style="color: #666666;"><Ah, mããe... Por favor></span></i><br />
<i><span style="color: #999999;"><Já te deixaram prevenido heim?></span></i><br />
<i><span style="color: #999999;">< Não, é que eu tinha ido comprar aquele fone de ouvido, que você tinha me recomendado></span></i><br />
<i><span style="color: #999999;"><br /></span></i>
- Eu preciso cumprir com todas aquelas promessas que fiz - Pensei.
<br />
<br />
<i><span style="color: #999999;"><Me empresta o seu celular?></span></i>
<br />
<i><span style="color: #999999;"><Ôôô... Amigo? Pode me dizer as horas?</span></i><br />
<i><span style="color: #cccccc;"><Seis e meia></span></i><br />
<span style="color: #999999;"><i><br /></i></span>
- Sim... Eu definitivamente vou cumprir com todas aquelas promessas - Pensei.
<br />
<br />
<span style="color: #cccccc;"><i><Aquela noite foi incrível, Incrível!></i></span><br />
<span style="color: #999999;"><i><I was just thinkin about it></i></span><br />
<span style="color: #cccccc;"><i><Pense sobre isso... Por favor, só pense sobre isso></i></span><br />
<span style="color: #cccccc;"><i><Prevenido porque?</i></span><br />
<span style="color: #cccccc;"><i><Mãe, mãe... Você compra um pirulito pra mim?</i></span><br />
<span style="color: #cccccc;"><i><br /></i></span>
- No final das contas, o que você disse era verdade - Continuei pensando.<br />
<br />
<i><span style="color: #cccccc;"><Você vai comprar? O fone?</span></i><br />
<br />
- O fato de que estava buscando a minha própria felicidade... - Pensei.<br />
<br />
<span style="color: #cccccc;"><Vai comer oras...></span><br />
<span style="color: #eeeeee;"><Acho que Domingo eu não vou fazer nada></span><br />
<br />
- O fato de que eu estava querendo mais me ajudar - Pensei.<br />
<br />
<span style="color: #cccccc;"><i><Obrigado pelo chiclete?</i></span><br />
<br />
- O fato de que eu estava sentindo falta deste tipo de sentimento - Pensei.<br />
<br />
<span style="color: #eeeeee;"><i><Eu não me acho uma pessoa muito feliz não></i></span><br />
<br />
- Porque você sempre está certo? - Continuei.<br />
<br />
<br />
- Mas eu não preciso mais dele...<br />
<br />
- Eu não preciso mais de muitas outras coisas.<br />
<br />
- Assim como as nuvens.<br />
<br />
- Só não quero fazer o que fizeram-lhe antes...<br />
- Não sou esse tipo de pessoa....<br />
- Mesmo eu gostando de brincar com a mente dos outros...<br />
<br />
- Er...<br />
<br />
- Porque eu não escuto mais ninguém?<br />
<br />
- Ah... Até que enfim fizerem silêncio.<br />
<br />
<span style="color: #cccccc;"><i><br /></i></span>Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-50769185378810059432012-07-25T01:06:00.002-03:002012-07-25T13:03:54.605-03:00Duas Estrelas<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><span style="color: #666666;">Leia antes "Uma Estrela":</span> <a href="http://miserasirrealidades.blogspot.com.br/2012/01/estrela.html">http://miserasirrealidades.blogspot.com.br/2012/01/estrela.html</a></span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">- Porque você ainda não se foi? - Perguntei desviando o meu olhar ao encontrar o dela, depois de um largo momento com o infinito silêncio.</span></div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- As coisas não são tão fáceis assim Matt - Saria demonstrava uma leve preocupação, mas também uma serena tranquilidade - Com o tempo, é normal das pessoas tecerem laços, grandiosos laços negros, dos quais ligam, os corações de uns aos de outros com uma intensidade imensurável - Acompanhava com o olhar os seus pés descalços, dos quais se moviam brincando graciosamente ao ar, enquanto permanecia sentada sob o banco, de madeira, daquela praça silenciosa - Esses laços se formam com qualquer pessoa que participa diretamente ou até mesmo indiretamente de sua vida, alguns são mais longos, outros mais curtos, uns mais grossos, outros simplesmente mais finos, depende do tempo ou até mesmo da relevância de certas pessoas... Digamos que uma pessoa passou... Cinquenta anos convivendo contigo, o laço que te liga a ela terá o comprimento de cinquenta anos, e outra passou apenas um ano, o laço que vos liga terá o comprimento de nada mais nada menos do que de um ano, porém não significa que um é mais importante que o outro, e também não importa se a pessoa fez bem ou mal a você, esse laço seguirá vos unindo, porque de qualquer forma ela faz parte de você.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<a name='more'></a></div>
<div style="text-align: justify;">
- Sim... - Concordei com a cabeça, com a mente convencida de que essa tarde no parque foi a melhor que nunca tivera tido.</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
- Ao se desligar deste mundo não significa que esses laços terão de partir, alguns se dissolvem, outros simplesmente desaparecem, os mais fortes só te deixam partir no dia do seu funeral, como o de por exemplo sua mãe... - Uma pontada de um leve desgosto aflorou em meu tórax - ...ou o do seu pai.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- E você não foi por causa desses laços de sua mãe e seu pai?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Não... Os laços que me ligavam aos meus pais já se dissolveram faz muito tempo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Então... porque?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Eu achava que era por causa do laço do meu tio... - Abaixei a cabeça, me lembrando remotamente da historia que ela havia me contado - Achava que eu tinha alguma coisa ainda pra resolver com ele, ou pra falar com ele... - A sua voz estava menos melancólica que da ultima vez, a dois ou três anos atrás, que falara no assunto - Mas não era... <span style="background-color: white;">Sabe Matt... Quando um laço não se desfaz, de jeito algum, significa que há algo nele mais forte do que a própria morte - Tentei balbuciar alguma pergunta, mas ela me cortou com um suspiro - O laço que não me deixa partir Matt... É o seu - Tentei novamente balbuciar alguma coisa, com um certo espanto, mas fui cortado mais uma vez - Não é a toa que eu consigo falar com você ainda, normalmente não conseguiria.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">- Mas, porque? Eu não te vi por mais de uns minutos - Desviei o olhar do chão - E ainda mais fui eu que...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">- Eu não sei - Uma voz meiga, porém segura - Eu não sei porque o nosso laço ainda não se desfez, mais isso quer dizer algo - As suas pernas se aquietaram, e agora pisavam no solo úmido da praça com força enquanto suas mãos se apoiavam, nuas, nas tábuas de madeira do banco. Percebi um brilho em seus olhos, como se uma lágrima estivesse prestes a se desprender e vazar sob o seu rosto. Tirei a minha mão da inércia e em forma de consolo apertei-a contra a sua, acima do banco. Ao primeiro momento ela estremeceu, porém logo se acomodou a aquele toque e relaxou - Não tocava em ninguém a tanto tempo... - Comentou ainda com os olhos molhados.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">- Sua mão está fria - Disse abaixando a cabeça.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
O som da água de uma pequena e simples fonte, que repousava carinhosamente a uns poucos metros da gente, no centro da praça, tomou conta da cena junto ao pestanejar, das gotas caindo, que se estendeu por um longo período dentre os nossos ouvidos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Eu acho que sei o que é - Disse ela me desviando dos inúmeros pensamentos que iam e vinham.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- O que? - Perguntei tirando a minha mão da dela.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Saria se aproximou um pouco de mim, olhando nos meus olhos, um tanto quanto indecisa. Parou, olhou em direção ao solo e me abraçou, encostando a sua cabeça na parte da frente do meu ombro.</div>
<div style="text-align: justify;">
Retribui o abraço, calorosamente, ao ponto de senti-la estremecer algumas vezes.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Você está quente - Comentou ela ao meio do ato.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não durou muito, logo ela voltou a sua compostura ereta de antes, porém veio acompanhada de duas coisas novas. Um sorriso em seu rosto, e um laço negro, com cerca de vinte centímetros, em suas mãos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- O que foi isso? - Perguntei.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- O nosso laço - Respondeu puxando o meu braço, e posicionando-o ao ar, um pouco a frente dela.</div>
<div style="text-align: justify;">
Pegou o laço e o amarrou com dois nós em meu pulso, não muito apertado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- E... porque você o deixou comigo? - Perguntei admirando o pequeno tecido deixado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Para que tenhas algo meu, que não seja as lembranças de remorso e culpa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- É bastante pequeno... - Pensei em voz alta.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Não significa que os menores laços sejam os com menos importância - Disse antes de se levantar na minha frente, acompanhei-a com os olhos, sem dizer ao menos alguma palavra se virou de costas pra mim e se dispôs a andar sob as folhas secas. Ela estava ficando cada vez mais sem cor, como se estivesse se apagando. Segui com o olhar uma estrela que subia e descia, no ritmo dos seus passos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Saria! - Gritei, hesitante, me levantando, depois de um bom tempo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ela parou, e se torceu levemente para olhar pra trás.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Obrigada - Foi o seu ultimo sussurro antes de desparecer por completo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Foi quando me dei conta, que a noite já reinava naqueles tempos.</div>
<div style="text-align: justify;">
E que duas estrelas brilhavam mais do que o comum sob a copa, sem folhas, daquelas árvores que tanto conhecia.</div>
<br /></div>
</div>Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-8280963962852859382012-07-20T01:24:00.002-03:002012-07-20T01:26:06.212-03:00Uma chave para apenas uma única porta.<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> Algumas coisas foram trancadas com o objetivo de nunca mais serem vistas;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> </span><br />
<span style="font-family: inherit;"> Mas se elas foram trancadas significa que há de serem lembradas algum dia;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> </span><br />
<span style="font-family: inherit;"> Pois ainda existem;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> </span><br />
<span style="font-family: inherit;"> E a existência ainda cobra sua significância.</span><br />
<br /></div>Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-59019751304942866992012-07-04T09:37:00.003-03:002012-07-04T09:39:48.153-03:00Nair e Alejandro<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="color: #666666; font-family: inherit;">Agradecimentos a autora deste conto:<i> Helena Treumann.</i></span><br />
<span style="color: #666666; font-family: inherit;">Em: </span><a href="http://helenata.blogspot.com.br/" style="background-color: white;">Sem pé nem cabeça'</a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">Estavam Dois amigos caminhando por entre uma estrada de
pedra.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">Largavam para trás duzias de marcas de suas pegadas que iam
ficando cada vez mais fortes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">Andavam pelo infinito daquelas pedras acinzentadas por mais
do que infinitos meses. Duas silhuetas sob um sol amarelo escaldante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">Quando uma, a menor, pergunta:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Vamos continuar com isso pra sempre? - Uma voz friamente
feminina.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Nair, não lhe ensinaram a ter paciência? - Respondeu-lhe
Alejandro, que andava à sua direita.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Mas é que eu já cansei - Disse ela abanando, com os
braços, o nada - Vamos fazer algo mais "divertido".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Mas é que nos foi ordenado... - Tentou continuar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Vamos - chantageou ela já com uma voz perversa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Nair? - Indignou ele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Vai me dizer que gosta de andar eternamente? -
Respondeu-lhe.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Certo... Certo... Mas nada tão complexo...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- O que podemos fazer? - Nair sorria pela primeira vez em
muito tempo, um riso maléfico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- O que você quiser - Disse Alejandro de forma elegante e
convencida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">Ela parou de andar, fazendo com que ele, suspirando, também
o fizesse.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Eu quero algo supremo - Declarou ela. Ele pegou a sua mão,
se abaixou puxando-a e com cuidado misturou-a junto a um pouco da terra e
barro, ao puxar de volta, veio, junto, uma serpente, cor purpura vibrante, com
um olho dourado fechado ao centro, talvez a mais suprema serpente já vista. - O que é isso? - Perguntou ela maravilhada.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Uma serpente - Respondeu ele.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: inherit;"></span><br />
<a name='more'></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- É fantástica - Seus olhos brilhavam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Podemos continuar? - Perguntou ele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Não Alejandro - Insistiu Ela - Eu quero algo mais vibrante
- Ele, convencido, deu dois passos pra trás, se abaixou novamente, pegou alguns
pouquíssimos grãos de terra, se levantou colocando a palma da mão estendida
poucos centímetros a frente da boca e assoprou levemente. Parecendo que estava
saindo de baixo da pele da sua mão, os grãos de terra se transformaram no par
de olhos de um gavião, que por sua vez, alçou voo, e foi planando até o ombro
da garota - E isso o que é? - Perguntou Ela enquanto os seus olhos, cheios de
lágrimas, admiravam o animal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Isso é uma Harpia - Respondeu ele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- É... É incrível...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">Eles retomaram a inquietante caminhada antes da magnifica
ave bater asas e se perder naquele horizonte indescritível.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Alejandro... - Insinuou a garota.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Diga Nair.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Porque estamos apenas nós dois aqui, se podemos criar
vida?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- É muito arriscado - Declarou ele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- A vida? - Perguntou ela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Nair... A vida é, de fato, perigosa. Se criarmos seres,
como nós, ou até mesmo baseados em nós, com o tempo, eles se tornarão um câncer
para este maravilhoso mundo, e o levarão à uma combustão profunda.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Por que? - Eles continuavam andando, porém com passos mais
intensos e eufóricos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Porque, para que sobrevivam, teremos de dar a eles o poder
da escolha, e com o tempo eles irão perceber que são capazes de tudo, como se
fosse um bebê, em intensa descoberta, quando percebe que não tem limites.
Então, em busca, cada um, de seu próprio bem, eles esquecerão o
"proposito" do qual foram criados, e iniciarão confortos e mais
confortos. Os mais fortes, e ou com mais conhecimento, irão ajudar os mais
fracos, acalentando-os, ensinando-os e até mesmo dando-lhes a vida, apenas para
satisfazerem os seus desejos universais, ou até mesmo os seus próprios
princípios. E com isso, com todos procurando, cada um, por sua felicidade
surgirá um sentimento, o que nos é conhecido como amor, junto a ele, aparecerão
outros vários, como a caridade, compaixão, carinho, alegria, plenitude. E no
final, teremos que reabastecer esse mundo de seres zerados de pureza para que o
processo seja feito quem sabe então de uma forma diferente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Não podemos criar algo que os faça se conter, ou até mesmo
se equilibrar, com relação a essa busca fatídica pela própria felicidade e
harmonia? - Indagou Nair ainda persistente, porém já um pouco revoltada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Não imagino existir nada que possa conter esse amor humano
- Se pôs pensativo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><o:p> </o:p><span style="background-color: white;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">Mais alguns poucos passos em silêncio e Nair para de andar e
solta um raio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Ei - Chama ela percebendo que Alejandro, distraído, continuou
a dar seus passos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Que foi? - Responde ele parando.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Vem cá - Ela manda que se aproxime com um gesto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Que foi Nair? - Continua ele, já um pouco preocupado, se
aproximando da garota. Quando estão a apenas dois ou três passos de distância,
Nair puxa-o para mais perto, e solta três murros e sua face seguidos de um
olhar penetrante de ira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">Ele, talvez pro instinto, segura-lhe o cabelo e joga-a nas
pedras fazendo-a se arranhar e rolar uns dois metros. Ela rola de volta e o dá
uma rasteira fazendo-o cair ao seu lado. E ali ficam, cada qual sentido o
pulsar e a respiração do outro, por longo minutos...</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- O que foi isso? - Perguntou ele quebrando o longo silêncio
ainda com as costas no mesmo lugar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Acabamos de criar algo mais supremo do que uma serpente, e
mais forte do que uma Harpia - Respondeu ela sorrido com o canto da boca
enquanto sentia o seu suor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- O que?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- O que equilibrará o amor das nossas futuras criações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Dos humanos?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- Sim...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- E como o chamarás?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><o:p> </o:p><span style="background-color: white;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">- O chamaremos de Ódio.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white; color: #666666; font-family: inherit;"><span style="font-size: 13px; line-height: 18px;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white; color: #666666; font-family: inherit;"><span style="font-size: 13px; line-height: 18px;">Paródia de : </span><a href="http://miserasirrealidades.blogspot.com.br/2012/07/naur-e-alagos.html" style="font-size: 13px; line-height: 18px; text-decoration: none;"><b>Naur e Alagos</b></a></span>
</div>Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8669257461915609599.post-74673233448402371202012-07-02T10:53:00.002-03:002012-11-08T23:21:20.131-03:00Naur e Alagos.<span style="background-color: white; text-align: justify;">Estavam Dois amigos caminhando por entre uma estrada de barro.</span><br />
<div style="text-align: justify;">
Largavam para trás duzias de pegadas recentes, que iam, ficando cada vez mais fracas e apagadas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Andavam pelo infinito daquela terra amarronzada por mais do que infinitos anos. <span style="background-color: white;">Duas silhuetas sob um céu negro não estrelado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando uma, a menor, pergunta:<br />
- Vamos continuar com isso pra sempre? - Uma voz meigamente feminina.<br />
- <i>Naur</i>, não lhe ensinaram a ter paciência? - Respondeu-lhe <i>Alagos,</i> que andava à sua direita.<br />
- Mas é que eu já me cansei - Disse <i>ela</i> abanando, com os braços, o nada - Vamos fazer algo mais divertido.<br />
- Mas é que nos foi ordenado. - Tentou continuar.<br />
- Vamos - chantageou <i>ela</i> ainda com uma voz meiga.<br />
- <i>Naur</i>? - Indignou <i>ele</i>.<br />
- Vai me dizer que gosta de andar eternamente? - Respondeu-lhe.<br />
- Certo... Certo... Mas nada tão complexo...<br />
<i>- </i>O que podemos fazer? - <i>Naur</i> sorria pela primeira vez em muito tempo.<br />
- O que você quiser - Disse <i>Alagos</i> de forma elegante e convencida.<br />
<i>Ela</i> parou de andar, fazendo com que <i>ele</i>, suspirando, também o fizesse.<br />
- Eu quero algo lindo - Declarou <i>ela</i>. <i style="background-color: white;">Ele</i><span style="background-color: white;"> pegou a sua mão, se abaixou puxando-a e com cuidado misturou-a junto a um pouco da terra e barro, ao puxar de volta, veio, junto, uma flor, cor purpura vibrante, com um polem dourado fechado ao centro, talvez a mais linda flor já vista - O que é isso? - Perguntou <i>e</i></span><i style="background-color: white;">la</i><span style="background-color: white;"> maravilhada.</span><br />
- Uma flor - Respondeu <i>ele</i>.<br />
<a name='more'></a><span style="background-color: white;">- É linda - Seus olhos brilhavam.</span><br />
- Podemos continuar? - Perguntou <i>ele.</i><br />
- Não <i>Alagos</i> - Insistiu <i>Ela</i> - Eu quero algo mais bonito - <i>Ele</i>, convencido, deu dois passos pra trás, se abaixou novamente, pegou alguns pouquíssimos grãos de terra, se levantou colocando a palma da mão estendida poucos centímetros a frente da boca e assoprou levemente. <span style="background-color: white;">Parecendo que estava saindo de baixo da pele da sua mão, os grãos de terra se transformaram no par de olhos de um pássaro, que por sua vez, alçou voo, e foi planando até o ombro da garotinha - E isso o que é? - Perguntou <i>Ela</i> enquanto os seus olhos, cheios de lágrimas, admiravam o animal.</span><br />
<span style="background-color: white;">- Isso é um Pardal - Respondeu <i>ele</i>.</span><br />
<span style="background-color: white;">- É... É incrível...</span><br />
<span style="background-color: white;"><i>Eles</i> retomaram a doce caminhada antes do magnifico pássaro bater asas e se perder naquele horizonte indescritível.</span><br />
<span style="background-color: white;">- <i>Alagos</i>... - Insinuou a garotinha.</span><br />
<span style="background-color: white;">- Diga <i>Naur.</i></span><br />
<span style="background-color: white;">- Porque estamos apenas nós dois aqui, se podemos criar vida?</span><br />
<span style="background-color: white;">- É muito arriscado - Declarou <i>ele</i>.</span><br />
<span style="background-color: white;">- A vida? - Perguntou <i>ela.</i></span><br />
<span style="background-color: white;">- <i>Naur</i>... A vida é, de fato, perigosa. Se criarmos seres, como nós, ou até mesmo baseados em nós, com o tempo, eles se tornarão um câncer para este maravilhoso mundo, e o levarão à uma combustão profunda.</span><br />
<span style="background-color: white;">- Por que? - <i>Eles</i> continuavam andando, porém com passos mais leves e lentos.</span><br />
<span style="background-color: white;">- Porque, para que sobrevivam, teremos de dar a eles o poder da escolha, e com o tempo eles irão perceber que são capazes de tudo, como se fosse um bebê, malcriado, quando percebe que não tem limites. Então, em busca, cada um, de seu próprio bem, eles esquecerão o "proposito" do qual foram criados, e iniciarão confrontos e mais confrontos. Os mais fortes, e ou com mais conhecimento, irão subjugar os mais fracos, maltratando-os, torturando-os e até mesmo tirando-lhes a vida, apenas para satisfazerem os seus próprios desejos, ou até mesmo os seus próprios princípios. E com isso, com todos procurando, cada um, por sua própria felicidade surgirá um sentimento, o que nos é conhecido como ódio, junto a ele, aparecerão outros vários, como a vingança, desespero, tristeza, solidão. E no final, teremos de limpar o que restar deste mundo, e não sei como, retirar-lhe todo o sofrimento que o fora resguardado.</span><br />
<span style="background-color: white;">- Não podemos criar algo que os faça se conter, ou até mesmo se equilibrar, com relação a essa busca fatídica pela própria felicidade? - Indagou <i>Naur</i> ainda persistente, porém já um pouco assustada.</span><br />
<span style="background-color: white;">- Não imagino existir nada que possa conter esse ódio humano - Se pôs pensativo.</span><br />
<br />
Mais alguns poucos passos em silêncio e <i>Naur</i> para de andar.<br />
- Ei - Chama <i>ela</i> percebendo que <i>Alagos, </i>distraido<i>,</i> continuou a dar seus passos.<br />
- Que foi? - Responde <i>ele</i> parando.<br />
<span style="background-color: white;">- Vem cá -</span><i style="background-color: white;"> Ela</i><span style="background-color: white;"> pede para que se aproxime com um gesto.</span><br />
<span style="background-color: white;">- Que foi <i>Naur</i>? - Continua </span><i style="background-color: white;">ele</i><span style="background-color: white;">, já um pouco preocupado, se aproximando da garota. </span><span style="background-color: white;">Quando estão a apenas dois ou três passos de distância, </span><i>Naur</i><span style="background-color: white;"> puxa-o para mais perto, e apoiando os seus delicados braços acima dos seus ombros</span><span style="background-color: white;">, </span><i>ela</i><span style="background-color: white;"> toca seus lábios, delicadamente, com os </span><i>dela</i><span style="background-color: white;">.</span><br />
<span style="background-color: white;"><i>Ele</i>, talvez pro instinto, a abraça carinhosamente, beijando-a por entre minusculas rajadas de vento, desce aos beijos por seu pescoço, sua nuca, e termina com os lábios encostados em sua testa. E ali ficaram, cada qual sentido o pulsar do coração do outro, por longo minutos... </span><br />
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<span style="background-color: white;">- O que foi isso? - Perguntou <i>ele </i>quebrando o leve silêncio<i> </i>ainda com os lábios no mesmo lugar.</span><br />
<span style="background-color: white;">- Acabamos de criar algo mais bonito do que uma flor, e mais lindo que um Pardal - Respondeu <i>ela </i>sorrido enquanto sentia a sua respiração.</span><br />
<span style="background-color: white;">- O que?</span><br />
<span style="background-color: white;">- O que equilibrará o ódio das nossas futuras criações.</span><br />
<span style="background-color: white;">- Dos humanos?</span><br />
- Sim...<br />
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<span style="background-color: white;">- E como o chamarás?</span><br />
<span style="background-color: white;"><br /></span>
<span style="background-color: white;">- O chamaremos de <i>Amor</i>.</span><br />
<br /></div>
Tiago M.http://www.blogger.com/profile/03218152328881288033noreply@blogger.com2