segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Noite de Halloween

- Você acredita em fantasmas filho? - Disse o velho.
- Eles não existem - Respondeu o adolescente emburrado.
Lá estavam, um senhor, com mais de quarenta e dois anos, e seu filho no auge dos seus dezessete, ambos sentados em poltronas antigas, porém ainda assim confortáveis, postos à luz e ao calor de uma lareira bem acomodada e acesa, mais para o canto do aposento.
- Você tem certeza? - Perguntou o velho.
- Nunca vi um, oras - Respondeu-lhe veemente.
- Pois tenho que lhe contar uma historia... - E de fato o tinha:

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Apenas Gotas.

Estava no pátio, de uma praça desolada.
Caminhava por dentre a diversos arbustos, devidamente cortados, e paralelepípedos milimetricamente ordenados.
O sol, grandioso como sempre, repousava, desta vez timidamente, atrás da silhueta das nuvens, já , por nós, conhecidas.
Com as mãos nos bolsos e a coluna esticada revirei a cabeça para o alto, e me dei de cara com o céu, escurecido pelos feches fracos e avermelhados da luz do sol.

Aquelas grossas camadas de nuvens escuras e inatingíveis.

Parei de andar.
Quando uma gota, fria e pálida, desceu contra a minha testa, dissolveu-se, e escorreu ao meu rosto.
Fiquei ali, estável, admirando a beleza do tão ignorado chuvisco.
As gotas, cada vez mais frequentes, rasgavam os céus, sem pouca compaixão, descendo até o inalcançável dos chãos sem cor, tocando cada ser de cada alma.
Em apenas poucos minutos já me sentia encharcado ainda junto a escuridão das nuvens, assim como todos que não sonhavam estar ali, Nossos pés, descalços, perdidos em poças, escuras e enormes, de chuva, permaneciam desajeitados, sujeitos a tal viscosidade do desconforto.

As gotas cessaram, e as nuvens, das quais as tinham liberado com tanto veemência  esvoaçaram junto às antigas correntes de ar, dando espaço, lentamente, aos avermelhados raios de sol, que agora,  por sua vez, se intensificavam, dando, finalmente, cor ao ambiente antes pálido.

- Você fora o único que presenciou o convite a nossa vida, e o único que poderá tira-la de nós - Disse, ao céu, para meus pensamentos, enquanto percebia, através da nova luz, que o que as nuvens tinham chovido, não eram simples gotas de chuva, mas sim gotas avermelhadas e promiscuas, das quais, nós seres pensantes chamamos de sangue.

Sorri.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Dias estranhos.


- Porque a água é tão negra? - Perguntou o garoto.

                    - Porque reflete o céu - Respondeu o velho.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O guarda chuva Vermelho.

Em um mundo onde uma aura verde reinava em forma de árvores grotescas robustas, alguns vaga-lumes iluminavam as partes mais densas e obscuras daquela floresta cor esmeralda, das quais pouco era permitida entrada da luz da lua, 
Ali, em uma simples e humilde clareira amarelada, permanecia o vermelho forte de um guarda chuva.
Um guarda chuva do qual duas mãos, deveras pequenas, o seguravam com uma certa dificuldade, enquanto aquela cor sangue refletia no ambiente, dando a ele um tom rosado e indulgente.
Não estava chovendo.
Faixas de luz, escurecidas pela umidade e pela noite, passavam pelas folhas aleatórias, das copas daquelas árvores, e se encontravam no centro da clareira, já conhecida.
Enquanto lábios, indecisos, murmuravam silenciosamente algumas silabas.
Olhos, fechados, permaneciam cobertos pelas penumbras, abaixo da sombra daquela vastuosa noite.
Sua testa, franzida, demonstrava uma certa preocupação, talvez até mesmo um certo medo.
Suas mãos, suavam, sem se importar com o frio.
E sua respiração ofegante e fora do ritmo, declarava o tamanho de seu pavor.

Afinal, era somente uma garotinha com um guarda chuva vermelho em mãos, ao meio de uma floresta delicada, porém insana.

Seus olhos se abriram.

Estavam agora, encarando algo. Algo que se movimentava.

Apesar de seu nervosismo, de sua preocupação, e até de seu medo, ela não deu passo algum pra trás. Se manteve firme, mesmo estando com os olhos cheios de lágrimas frias, ali estava, encarando, com o busto pra frente, o que estava por vir.

Por dentre as grossas cascas de madeira, e a vasta escuridão, já pertinente, Surge uma figura negra e curvada, andando com passos cada vez mais lentos se deliciando vagarosamente daquele medo agonizante debilitado.

- Que dentes grandes a senhora tem - Disse-lhe a garotinha, antes de fechar os olhos por uma ultima vez.