sábado, 12 de maio de 2012

A Garota.

- Velho eu preciso ir indo. - Avisou Depor, um amigo meu, ao pedirmos outra bebida.
- Que horas são? - Perguntou Adelnor, outro amigo.
- Sete horas. - Respondeu ele - Preciso chegar em casa no máximo sete e meia.
- Porque?
- Preciso resolver algumas coisas lá.
- Então descemos junto. - Disse eu levantando-me.
- Certo. - Assentiu Ad.

Nos levantamos de uma antiga mesa de plástico enquanto a musica, extremamente alta, fazia todas aquelas pessoas dançarem, de jeitos totalmente diferentes e rítmicos, algumas bêbadas, outras não. Neste momento não importa, não quero falar-lhe delas, não delas.
- Lorane! - Gritou Depor - Vamos?
- Vou ficar aqui mais um pouquinho - Respondeu ela enquanto dançava.


Nos despedimos de nossos colegas, passamos pela piscina e descemos as escadas. Deparamos-nos com o portão da entrada, passamos direto por ele e pisamos naquelas ruas, escuras pela falta da luz do sol de sete horas da noite. Alguns postes já emitiam aquela luz alaranjada como de costume ao anoitecer.
Andamos sorrateiramente, alguns trechos com alguns desconhecidos, porém tinha outros que ficávamos apenas com as sombras das casas que nos encobria em seus braços. Paralelepípedos escuros se estendiam por toda a ruela, tinha quase tropeçado umas três vezes.

- Ei vocês! - Gritou uma garota correndo ao nosso encontro.

Agradeço por esperarem, mas é dessa garota que quero vos falar.

- Achei melhor não voltar sozinha - Ela cortou o silêncio - Principalmente a essa hora da noite.
Assentimos ainda em silêncio, e a caminhada perdurou assim, com relativamente pouca conversa e interação. Até chegarmos à estação, que foi quando nos dividimos, Depor nos deixou lá e voltou para casa, Ad. foi para o ponto numero 10, e eu e a garota fomos para o 5.
Ficamos lá, parados no meio de uma pequena multidão, esperando aquele ônibus demorado, do outro lado, no ponto 10, estava Ad. Sorrindo maliciosamente para mim. Não consegui conter uma risada ao vê-lo. Maldito.
Então virei-me, voltei ao meu rosto sério e me virei a ela.
- Vai pra onde? - Perguntei.
Ela respondeu.
- Ah, acho que vamos pegar o mesmo ônibus - Continuei.
Ela assentiu.
Grande conversa essa, Olhei para o próximo ônibus que vinha, e não servia pra nenhum dos dois... Ótimo. Depois dele passar, lá estava Ad. de novo, acenando pra mim com um sorriso idiota.
Olhei pra ele segurando o riso. E ele apontou pra ela e fez um coraçãozinho com as mãos. Bem.. eu não aguentei e comecei a rir histericamente.
Ela olhou pra mim com uma feição de desdém. E finalmente consegui parar de rir, mais uma vez.
Chegou um ônibus, Vermelho, que aparentemente servia.
- Acho que esse vai - Disse pra ela.

Andamos para a porta de trás, ela entrou primeiro e se sentou ao lado direito do corredor, um dos únicos lugares que tinham duas cadeiras desocupadas, Paguei e me sentei ao seu lado, me recostando no banco.

Aquele silêncio constrangedor voltou.
Só que desta vez durou um pouco mais... Digo... Muito mais.
Teve uma hora que ela começou a mexer em seu celular.
E eu a pestanejar contra o sono.

- Ei, tudo bem com você? - Perguntou ela,
- Tudo sim - Respondi.
- Se importa?- Ela pegou um dos fones que estavam nos meus ouvidos.
- Não não - A seguir ela colocou-o.
- Que musica é essa?
- This love - Respondi.
- Até gostei - Rimos.

Então uma conversa variada se estendeu, dessa vez violentamente, até o final do nosso percurso.
Sorri.

- O meu ponto é o próximo já - Disse ela.
- Já? - Perguntei abismado pelo tempo ter passado tão rápido.
- Já.
- Ei... Posso levar você até lá.
- Não, se preocupe não.
- Não, eu vou, eu vou - Ela sorriu.
- Então tá né.

Descemos do ônibus dando em uma rua um tanto quanto escura, e fomos andando em direção a casa dela, que eu não sabia qual era. Paramos em frente, ela olhou pra mim sorrindo.

- Obrigada
- Bah, precisa agradecer não - Sorri.
Ela me puxou um pouco mais pra perto, eu segurei em sua cintura envergonhado.
Me aproximei demais de seu rosto, que agora era apenas um desfoque em minha frente.
Estava nervoso.

Dois olhos se entreolharam.

- Ainda não quer que eu agradeça? - Perguntou ela mordendo o lábio.
- Bem... foi um caminho longo até sua casa - Me embolei nas palavras.


Dois sorriso se abriram.


- Então você quer que eu agradeça... -  Sussurrou ainda maliciosamente em meu ouvido.
- Isso fica em seu critério - Sussurrei de volta.


Ela sorriu encostando lentamente seus lábios nos meus.
Eles se encontraram.

- ... Mas que porre de engarrafamento!
- Pois é - Respondi instantaneamente, ao acordar me ajeitando naquele banco desconfortável.

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