segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Cor


Uma mão foi ao ar, e o ônibus que ele esperava foi freando lentamente até estacionar em sua frente. Sem dar ao menos dois passos subiu as escadas no mesmo parando logo acima, que foi quando aquele retângulo de metal voltou a andar, levando-o consigo.
- Boa tarde – Disse ele para o cobrador entregando a quantia de dinheiro necessária para pagar apenas uma passagem.
- Boa – Respondeu o cobrador aceitando o dinheiro.
Quando o garoto passou na roleta deu de cara com um corredor, cadeiras do lado e do outro formadas em fileiras de duas, e no final as escadas q mais adiante o levariam a voltar a terra firme. O ônibus começou a balançar, forçando-o a impedir os pensamentos que insistiam em vir e escolher um assento. Algumas pessoas já ocupavam lugares, de preferencia próximos as janelas, mas ele não prestou atenção em nenhuma delas.
Andou até o lugar q achasse necessário e se jogou na cadeira de plástico, ao lado da única janela que estava livre. E então ele entra em transe, liberando finalmente de vez todos aqueles pensamentos que o atormentavam. Ele viajou, para uma sala de aula.
Uma sala de aula onde se encontrava a criadora daqueles pensamentos que tanto perseguiam ele. Uma menina, que exatamente agora está ganhando uma caixa de chocolates, e sendo parabenizada pela professora, um sorriso lindo começou a brotar em sua face por ela lembrar de um fato.
Lembrou que ele estava indo de encontro a ela.
Lembrou que ele estava a cada segundo mais próximo.
E então ela sorriu.

A garota estava vestida com uma calça jeans azul, e uma camisa totalmente branca, a não ser pelo símbolo do colégio, um colar cor de prata com o seu nome, brincos? Não sei, não prestei atenção, algumas pulseiras e por ultimo tênis que eu também não prestei atenção presos por cadarços nos pés.
Mas enfim... Voltando a Historia: Ele ainda estava no ônibus, sendo levado pelos seus pensamentos. Sentia-se um imbecil por ter feito tantas coisas que agora se arrependera. Tinha feito-a chorar, e o pior, ela ainda continuava do seu lado, para o que quer que fosse. Mesmo não admitindo isso ele a amava, e talvez só percebera isso tarde demais. Esperamos que não.
Quando tinha percebido aquela maquina de metal já estava virando a esquina, e o seu ponto era logo depois. Se levantou apoiando-se nas cadeiras, por causa do movimento, esticou o braço para cima, e com um gesto puxou a corda, dando sinal ao motorista para parar. Agradeceu, e depois de descer as escadas deu um pulo em direção à calçada. O seu pé direito bateu com uma força mínima no chão, e o esquerdo veio depois trazendo consigo uma corrida em direção ao colégio. Passou entre os carros parados em um engarrafamento, continuou até chegar aos portões azuis que serviam de guardiões para aquela construção, e com um gesto não muito rápido empurrou abrindo-os. O seu coração palpitou.
Aquele rosto que tão esperava apareceu em sua frente, a alguns poucos metros. Ela andava à aqueles bancos amarelos. Aqueles bancos que passávamos os momentos juntos
Aqueles bancos que sentávamos para conversar
Aqueles bancos que escutavam todos aqueles segredos
Aqueles bancos que os guardavam lealmente.
- Oi! – Disse ela, com aquele sorriso que ele tanto admirava.
- oi - Respondeu ele de volta timidamente.
- Tudo bem?
- Tudo ótimo!... E você?
E então eles começaram aquelas conversas de sempre. Aquelas risadas de sempre, aquelas besteiras de sempre. Se sentaram juntos, um ao lado do outro, se olhavam nos olhos, riam como nunca. Eles estavam em outro mundo nesse momento, um mundo que era só deles. O menino olhava para o seu rosto, os seus olhos, os seus lábios, e escutava as suas palavras como se fosse o ultimo momento que passaria com ela. Ele extraia a felicidade ao máximo do momento. Até que um longo silencio profanou por um bom tempo entre os dois. Que com isso voltaram ao mundo em que foram originados, e tudo voltou a como era antes de se encontrarem.
- Aconteceu alguma coisa com você? – Perguntou ela preocupada.
- Desculpa – A sua voz saiu tremida.
- q foi?
- Me desculpe – Lagrimas se formaram eu seu subconsciente, ele as deteve – Fui tão idiota!
- Ei! Que foi?
- Eu fiz você esperar tanto... E você nunca desistiu de mim... – Pela primeira vez ele olhava pro chão em vez de olhar pra ela – Eu fiz você chorar... E agora você me faz sorrir...
Ele não chegou a completar a frase, e gotas de lagrima já desciam do seu subconsciente e se formavam no canto dos seus olhos. E então, sem ele ao menos perceber ela levantou, e o puxou contra si. Apertando-o em um abraço. Ele sem entender devolveu o abraço.
Como se fosse o primeiro.
Como se fosse o ultimo.
- Eu te amo – disse ela timidamente.
Aquelas palavras bastaram. Agora suas lagrimas já haviam deixado os seus olhos, e estavam escorrendo pela sua face, ele tentava não soluçar.
- Se aconteceu isso, era pra acontecer... – continuou ela – Talvez se estivéssemos juntos antes, não iria durar.
O abraço durou minutos, que pareceram séculos, séculos que eu queria que nunca acabassem. Quando os dois corpos se afastaram as lagrimas dele já tinham se acabado, e um sorriso tímido tinha tomado o lugar delas.
Ela sorriu de volta

E então, o mundo que até agora estava cinza, tomou a cor de volta.

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