quarta-feira, 10 de abril de 2013

A Garota de calça rosa.


Um certo dia, uma certa noite. Um garoto perdido em suas próprias formas-pensamento permanecia sentado, arrodeado do tão famoso cemitério dos livros, com um exemplar de fábulas em mãos. Os seus olhos, mesmo demonstrando uma pequena e incerta tranquilidade, se dispersavam por dentre a livraria em alguns poucos momentos cronometrados, como se estivesse a espera de alguém que já era para ter chegado. Tinha terminado de ler a segunda fábula, quando o seu celular, no bolso, vibrou.
"chegamos, vá indo para lá já" - Era uma mensagem.
"Tô indo" - Respondeu antes de se levantar, guardar aquele livro, albino, naquela estante levemente empoeirada, e voltar a sua atenção ao seu redor.
Um ambiente silencioso, algumas pessoas perambulavam revivendo livros daqui pra ali, como se fosse um ato comum do próprio cotidiano dessa livraria. Com passos largos, depois de se dar conta do ambiente do qual permanecera, ele se dispôs a andar. Saiu do vasto aposento, e se deu contra o resto do shopping. Infelizmente, nesta cidade, as livrarias só se encontravam nessas tão representativas construções, que lembram mais o consumismo do que a qualquer outra coisa. Ao subir mais um lance de escadas rolantes, se deparou contra a uma pequena multidão completamente desordenada. Foi caminhando por entre ela até avistar um pequeno grupo, de apenas três pessoas, uma delas acenou pra ele.
E inevitavelmente ele sorriu.

Ao se juntar a dois rostos familiarmente amigos e a mais outro, uma garota que vestia uma calça jeans rosa, a droga de um sorriso idiota não conseguia sair de seu rosto estampado. Porém, ela não pareceu notar, estava de costas.
- Hey - disse ele ganhando uma parte de sua atenção.
Ela sorriu quase se escondendo, após um abraço, curto e tímido, de comprimento.
A partir deste momento eles compraram um ingresso para um filme, foram lanchar alguma coisa qualquer, e finalmente entraram naquela sala, escura, talvez até mágica, da qual se passam os tantos filmes que são, por aí, produzidos.
O garoto, e a garota de calça rosa se sentaram lado a lado, e, aos poucos, conversas compostas por diálogos tímidos foram surgindo, até mesmo depois do início do filme, que começou, inclusive, em preto e branco.
Não se sabe muito bem ao certo, mas, naquela hora, o que importava, não era o filme, nem a companhia daqueles dois amigos, e muito menos aquele saco colorido de pipocas, mas sim, aquelas duas mãos, que estavam prestes a se entrelaçar. E que a partir delas seria tecido, talvez, um beijo, não esperado das duas partes, porém ainda assim, sonhado.
Um beijo, que mesmo no meio de toda aquela confusão de pensamentos e expectativas, faria com que os dois, o garoto, e a garota de calça rosa, no final daquela dança de formas-pensamento, esboçassem um sorriso vermelho.

Do qual ele, jamais esqueceria.

Fora por conta desses acontecimentos, absurdamente incomuns que essa história se dá tamanha relevância.
Pois, cerca de quase um mês depois, o mesmo garoto, em um dia qualquer pergunta à mesma garota.

"Posso te contar uma história?

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