segunda-feira, 9 de abril de 2012

Bela gravata.

Famoso;

Glorioso;

Fatidicamente se estendia o big ban, sobressaindo as nuvens mais altas de Londres.
 - Vai ser hoje... - Gritava eu ao meio de risadas enlouquecidas pelo mais fanático dos venenos.

Andava por entre as ruas, com uma cobertura sanguinária de seres vivos pensantes;
Andava com as os pés sobre o lhano, do qual ansiava pisar novamente, enquanto me despistava lentamente de todos esses que rotulamos homens;
- Hoje - Pronunciei mais baixo que um sussurro.



Vestia nos ombros um smooking velho, calças sociais e sapatos, do mesmo tipo, escuros, com uma gravata vermelha pingando sob o meu pescoço, sob minha boca e sob meus olhos que brilhavam de alegria.
- Belo traje para um dia como esse não? - Disse para mim mesmo em um tom arrogante.

Meus passos, ao chão de pedra rabiscada, faziam um barulho um tanto insuportável, mas eu me contentava com eles, como havia dito antes,  um par de belos sapatos, para um belo dia. E hoje... hoje nada se tornaria insatisfatório pra mim. Escutava o som do vento propalando pelas poucas árvores, pelos poucos rostos, pelos carros, pelos prédios, pelos aviões, pelo bigban, escutava milhões de batimentos cardíacos daquelas malditas pessoas ao meu lado, escutava o tilintar de sinos imaginários, escutava uma musica distante perdida no par de fones de ouvido em algum adolescente, escutava o piscar e pálpebras lentas do senhor ao meu lado, escutava uma pequena discussão entre um casal em uma praça deserta, sentia os pensamentos apressados e desesperados de todos aqueles trabalhadores diários e cansados.
- Nào se preocupem - sussurrei para que eles não apenas escutassem - Amanha nenhum de vocês continuarão assim - Mas sim para que eles sentissem.
Sorri, não um sorriso belo, como o dia, mas sim cruel, como a noite.
Cruel como os passos negros que dava;
Cruel como as nuvens que cobriam o sol;
Cruel como cada coração de cada pessoa que me circundava.
Cruel como os olhos, de quem está sob a adrenalina do desespero.

Meus dentes gélidos se encontraram com uma baforada de ar quente, ao serem descobertos insanamente.
O meu smooking se dava ao ar cintilando pelas minhas costas, até isso não me incomodava.
- Que dia perfeito não? - Disse, ainda por meio de risadas.

Me virei em um beco, talvez escuro, talvez não, alguns sacos de lixo cobriam cada canto demonstrando um ar de pura vassalidade. Manchado, agora de um vermelho claro, os céus se despejavam para o seus sonhos e as estrelas invadiam com uma voracidade incrível, dando lugar a um azul negro.
- Chegando a hora - Disse entrando pelas portas de uma obra imensa.

Dispus-me a subir pelas escadas, vagarosamente, degrau por degrau, sem nunca me adiantar um passo sequer...

O som dos sapatos me deixavam cada vez mas animado. Fazendo me pensar em correr, mas não o faria, momentos como estes ha de se apreciar cada suspiro, cada segundo, cada som, cada luz.

Degrau por degrau.

pouco a pouco.

Senti o cheiro da pólvora harmônica, aquilo me deliciou tanto.


Uma baforada congelante de vento se jogou contra o meu corpo, logo após de ter subido no mais alto dos prédios da noite, o Big ban, caminhando lentamente me vi sentar e relaxar em um dos cantos de tal monumento.
Me dispus lá por poucos minutos, e foi quando, perfurando a mais sombria das noite, me deparei com todas aquelas formigas caminhando juntas nas ruas abaixo do prédio. Trabalhadores, empresários, casais, adolescentes, homens, mulheres, crianças, malditos, benditos, religiosos, satânicos, brancos, negros, amarelos, pobres, ricos, bilionários, cantores, compositores, pizza-iolos, pedreiros, leitores, artistas...

Sim... Sorri, era isso mesmo que queria.

passos.

Passos

Muitos passos, de todos aqueles miseráveis.


- Um... - Disse sonolentamente.






- Dois - Repeti, sorrindo.






- Três - Comecei uma insana gargalhada, que se não me engano iria perdurar pelo branco de cada mente, e pelo negro de cada ser em cada dia, em cada tempo.

O cheiro da pólvora chegou a um êxtase imensurável, e segundos após se desfez.

Um silêncio.

Uma explosão.

O vermelho alaranjado saiu pelas janelas, lá em baixo, como se procurasse por estrelas.

O barulho foi ensurdecedor e se espalhou por cada ouvido, de cada um,  aposto que o fez a maioria sangrar de súplicas. E então, a luz, que antes esperava em nupcias, ainda se estendeu mais vendavalmente por todos os olhos, cegando-os, por todas as iris, azuis, verdes, negras, castanhas, todas ficaram de uma única cor. Todas ficaram brancas.

E então... O fogo, que implodiu pela base completa do, digamos, milagroso Big ban.

Tudo se acalmou por um momento.

Só dava para escutar os gritos surdos de todos as mulheres;
E os olhares cegos de todos os homens.

Então

Outra explosão.

E Outra.

E Mais outra,

Cada uma sendo seguida do grito de cada maldito.
Cada um gritava cada vez mais alto após cada deliciosa explosão.
Cada delicioso grito.

Sorri, tão alto que me levantei empenando as mãos para o céu.

O big ban desabava a cada baforada do fogo, e ia caindo degrau por degrau, assim como as pessoas iam deixando este mundo, uma por uma.

- Não sabe viver?  - Gritei o mais alto que pude, fazendo com que a multidão se deparasse com meu rosto mascarado - Desista, ou então... Morra tentando.

Até que enfim, eles receberam o que merecem. Até que enfim, me livrei deles todos.
O fogo invadia as escadas e subia devorando o que restava de pensamentos.

E então, eu, eles, todos, juntos fomos queimados pela majestosa morte.
Sorrindo.

Não dariam outra chance pra eles.
Não dariam outra chance, muito menos, para mim.

E foi por isso que não deixei de sorrir.

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