sábado, 16 de julho de 2011

Um Sol.

Um Sol.

Uma nuvem.

Um barco.

Água.

Um mar.

Duas almas.

Aquele barco, se parecia mais com uma lancha, de um tamanho descomunal para a própria, um barco pequeno, um que não necessitasse de carteira para que pudesse ser monitorado. O branco reluzente, do barco, refletia as cores emanadas do sol, que manchava de sangue as nuvens virgens, as lançava com meio de um reflexo nas águas quase cristalinas do grandioso mar. O cheiro do salubre salitre apestava o espaço com um cheiro precário.

Cheiro.

Odor.


Passos silenciosos quebraram o carma do balançar simultâneo da maré, e uma alma se deu pra fora do coberto, se mostrando sorrateiramente junto ao sol, ás sombras de sangue e ao salitre.

Olhos.

Cores.

Sim... As cores saturadas invadiram a íris do homem de vinte um anos, fazendo com que a sua coloração ganhasse mais vida. Como alguém vivo pode parecer morto?
Aquele ser estava subindo as escadas, que anexava normalmente a parte de fora do barco com a de dentro.

Passos.

Ele continuou levando as pernas para frente e para trás, não simultaneamente, até conseguir se locomover ao lugar desejado. Sentou em um banco da cor do barco e tecnicamente colado nele. E se dispôs a mover um tipo de alavanca, que tinha o poder de escolher a direção dos caminhos marítimos que se despiam em frente do mesmo.

Ouvidos.

Múrmuros.

Rastejos.

Batidas.

A orelha do rapaz se inclinou meio que para trás, como a de um felino ao escutar algo. E exatamente esse algo se jogou contra ele, o pobre não presumia isso. Em uma briga de uma dignidade oculta os dois se debatiam juntos, como um só. Como se estivessem brigando, não para defender uma ideia, ou para ver quem seria o melhor, e sim brigando apenas pelo prazer de estar mantendo o contado um com o outro, pelo menos de uma das partes.

Toque.

Macio.

Toque.

Áspero.

Os dois seres que ali se viam pelo sol, pelo sangue e pelo salitre estavam se entrelaçado em um combo de braços e pernas já por no máximo uns cinco segundos. cinco segundos que o achismo denominava eterno.
Os motores foram desligados.
E um corpo que jazia vida foi despregado do alto daquela silhueta branca, e solto junto a uma superfície agoniante onde a água predominava. Que agora milagrosamente parecia calma.

Frio.

Infinitas gotas de água foram despregadas de sua unidade se formando em fagulhas puras, pois a medida que cada uma fosse chocando violentamente contra o seu todo, se formava ondas amorosas de reconciliação .

Escuridão.

Aqueles olhos não captavam mais luz.
Um segundo mais tarde, outra silhueta se lançou contra aquela superfície macabra, se juntando a ela, formando, do mesmo jeito, uma onda circular, captada pelo, chamado por nós de mar.

Dor.

Os olhos foram abertos. E junto a eles uma visão foi engrandecida, porém totalmente azulada, em que outro corpo negro se aproximava, tapando o sol sangrento, e deixando a vitima em uma parcial penumbra mais uma vez.

Nem toda brincadeira é irreal.

Nem toda brincadeira é apenas uma brincadeira.

Aqueles dois seres jogavam a sua sorte.
Na verdade... Aqueles dois seres não apenas jogavam.

Eles foram possuídos pelo prazer de continuar um com o outro, o prazer que a um dos dois mataria. Eram atraídos feito moscas à luz, era como se completassem, e não ao mesmo tempo. Sem pudor algum, os dentes, do ser que se juntou ao mar por ultimo, encrustaram na pele nua do outro. Ele teria gritado se não tivesse em baixo d’agua.

Dor.

Sofrimento.

Eles continuaram lá, esbravejando-se um contra o outro, como um amor platônico porém mortal. A vida de cada um estava em jogo.

Uma brincadeira, que quem perdesse, ganharia a capacidade de seguir o sol ao vê-lo se por.
Seguir a vida ao vela se esvaindo.
Pois nem toda brincadeira é irreal.
Um ultimo suspiro foi ecoado á todo o universo.

E por fim um Sol se pôs...

Uma nuvem...

Um barco...

Água...


Um mar...


E apenas uma única alma.

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